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Produção de mel do Piauí declina com a seca

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Apicultura
Produção de mel em PIcos - Foto: Reprodução

A produção de mel no Piauí despencou com a estiagem que assola o Estado. O motivo é simples: a abelha depende da vegetação nativa para colher o néctar, matéria prima do produto. Sem chuva, a florada foi reduzida, forçando a migração dos enxames.

Na macrorregião de Picos, onde mais se produz mel no Estado, a oferta caiu 80%. Os produtores relatam que os insetos sumiram do campo. “Ano passado eu tinha 240 caixas povoadas de abelhas. Com a seca, só 52 ficaram”, diz José Ribamar de Sá. O apicultor faz as contas: em 2011 recolheu 290 baldes de mel. Neste ano, somente 11.

O mesmo aconteceu na Serra da Baraúna, município de Pio IX (PI), onde reside o agricultor Miguel Josias. Dos 100 enxames mantidos por ele, apenas 16 produziram. “Mas também, aqui na minha área só choveu 76 mm de janeiro a fevereiro. Sem a flor, as abelhas foram embora”, resigna-se.

Na Serra do Jatobá, zona rural de Pio IX, também choveu pouco. E o fenômeno se repetiu. “Não tem florada, a mata tá toda seca”, fala José Dásio Alencar, que viu sua povoação de abelhas cair de 50 para 12 caixas. “Ano passado eu tirei mel nove vezes e nesse ano só três… E não vai passar disso”, lamenta.

Para os pequenos agricultores do semiárido piauiense, o mel funciona como uma fonte extra de renda. A produção é associada às culturas do caju, milho e feijão e exige baixos custos e mão-de-obra reduzida. Até então, era garantia certa de lucro mesmo em períodos com baixos índices pluviométricos. “O mel é melhor que o feijão tanto no preço como na lida”, atesta Dásio, que antevê os meses que estão por vir: “Vai ser acochado.”

A queda na produção afeta toda a cadeia produtiva. Prejudica do pequeno apicultor ao exportador. Na Casa Apis, cooperativa de produtores de mel instalada no município de Picos, 50% da mão-de-obra foi dispensada. “Tivemos que demitir o pessoal para reduzir as despesas”, explica Antônio Leopoldino Sitonho, diretor-geral da cooperativa. Os números da Casa Apis comprovam o declínio da produção. Em 2011 a cooperativa adquiriu e beneficiou 700 toneladas de mel. Para 2012 a estimativa é que não passe das 120 toneladas.

A seca atingiu o Piauí em momento pouco oportuno. O mercado internacional é favorável para o mel brasileiro. O preço médio do quilo do alimento saltou de US$ 1 (um dólar) para U$ 3,50. “Nosso mel é limpo, orgânico, livre de patologias, mas não está sendo produzido pela falta de água. Essa era a grande oportunidade do Brasil e do Piauí”, lamenta Sitonho.

A Defesa Civil Nacional já reconheceu estado de emergência em 120 dos 224 municípios piauienses. Todos sofrem problemas de abastecimento e econômicos em decorrência da falta de chuvas.

Com informações do Jornal O Dia (Rômulo Maia)

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