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BBC vai à Paulistana e mostra que eleições dividem empresários

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[ad#336×280]Uma reportagem especial publicada no site da BBC Brasil, mostra que a corrida no segundo turno presidencial tem esquentado o clima entre os empresários do Piauí. O repórter, enviado para o município de Paulistana, a 452 km de Teresina, descreve um pouco da realidade do eleitorado no município que elegeria Dilma com 80%, Marina Silva com 13% e Aécio com 5%.

Leia a matéria na íntegra:

Em um restaurante à margem da BR-407, que corta ao meio a pequena cidade de Paulistana, no sertão do Piauí, um empresário chama a garçonete de canto para tentar convencê-la a mudar seu voto para presidente.

Contrariando o senso comum, ele queria que a jovem desistisse de votar em Aécio Neves e apoiasse Dilma Rousseff.

Não conseguiu. Mãe de três filhos, Valdene de Sousa, 27 anos, se dizia determinada a apoiar Aécio “porque Dilma está investindo muito em Cuba, mas não no Brasil”.

A opção da garçonete é minoritária no município, onde o tucano recebeu apenas 5% dos votos e ficou atrás de Marina Silva (13%) e Dilma (80%). Em todo o Piauí, Aécio também ficou em terceiro, com 13,8% dos votos, contra 14% de Marina e 70,6% de Dilma.

Moradores de Paulistana disseram que a maioria dos simpatizantes de Aécio no município tem o mesmo perfil de Valdene.

São em geral jovens assalariados, moradores de áreas urbanas e que escapam por pouco dos critérios para receber o Bolsa Família: integrar família com renda per capita de até R$ 154 por mês e composta por gestantes ou jovens de até 17 anos.

O empresário que tentava mudar o voto de Valdene – e que não quis ser identificado na reportagem para “evitar atritos com amigos” – deixou o local resignado.

‘Mais preparado’

A poucos metros dali, também na beira da estrada, o dono do maior restaurante da cidade se engajava em esforço contrário: convencer clientes a votar no candidato tucano.

Francisco das Chagas Rodrigues, o Chaguinha, é um dos raros cabos eleitorais de Aécio em Paulistana. É dele a única caminhonete a circular pela cidade com adesivos do tucano.

Chaguinha pegou o material no município vizinho de Acauã, onde há dois anos se elegeu vereador pelo PSD. Nacionalmente seu partido apoia a reeleição de Dilma, mas ele diz que manterá sua posição.

“O Aécio desde pequeno mexe com política e é mais preparado do que quem virou político do nada”, ele diz referindo-se a Dilma, que ao vencer a eleição à Presidência assumiu seu primeiro cargo eletivo.

As queixas de Chaguinha se direcionam a Dilma, mas não necessariamente ao PT: ele conta que, se Lula saísse candidato, teria seu voto.

Chaguinha elogia os programas sociais da gestão do ex-presidente, entre os quais o Bolsa Família, mas afirma que Dilma não fez as políticas avançarem.

“O que a Dilma fez, não fez direito.”

O empresário critica a decisão da presidente de entregar às prefeituras brasileiras máquinas para reformas urbanas, como retroescavadeiras, sem ter destinado recursos para seu uso.

Segundo Chaguinha, nenhum prefeito de município pequeno gostou das doações. “Eles não têm dinheiro para a manutenção e o povo começa a cobrar, porque vê os equipamentos lá parados e acha que o prefeito não faz nada por falta de vontade”.

Embora reconheça a força do PT na região, ele diz que mais e mais moradores têm anunciado o voto em Aécio.

“O povo está querendo adesivo e não tem.”

Mais dinheiro na região

No que depender de um casal de empresários de Paulistana, porém, o tucano não decolará na cidade.

O engenheiro João Bosco Souza Nery, 55 anos, circula pelo município distribuindo material de campanha de Dilma e tentando evitar adesões a Aécio no boca a boca.

Dono de uma pequena construtora, ele ainda divide com a esposa, Diva Nery, a administração de uma loja de presentes e de uma farmácia. O casal agora se prepara para inaugurar seu maior empreendimento, um supermercado.

Diva e Bosco dizem que o sucesso nos negócios se deve, em boa medida, ao dinheiro que passou a circular na região por causa do Bolsa Família e da valorização do salário mínimo nos governos petistas.

Nos últimos anos franquias de grandes marcas como Hering e O Boticário abriram filiais na cidade, encravada numa região com um dos piores índices de desenvolvimento humano do país.

Outra explicação para o crescimento da economia da cidade, segundo o casal, é a maior oferta de linhas de microcrédito, entre as quais destacam a do programa Crediamigo.

Em 2013, o programa – oferecido pelo estatal Banco do Nordeste com recursos do governo federal – realizou 3,4 milhões de operações, ao custo de R$ 5,8 bilhões.

Diva diz já ter contraído dois empréstimos pelo programa para reformar sua loja. A maior parte dos financiados, no entanto, atua informalmente: são ambulantes, vendedores de cosméticos, bijouterias e lingerie.

A construtora administrada por Bosco, por sua vez, beneficiou-se do aquecimento na construção civil. A empresa ganhou um contrato para erguer 40 casas pelo programa federal Minha Casa, Minha Vida no município vizinho de Acauã.

Ele diz, no entanto, que não apóia a presidente por ter recebido o contrato. “Eu comparo, e nos anos do FHC nunca teve investimento aqui.”

Bosco afirma que a maior prova da transformação ocorrida nos governos petistas se nota nos tempos de seca.

Antes de Lula, diz ele, quando a estiagem era severa, “faltava tudo e o pessoal saqueava supermercado, caminhão”.

“Ninguém tinha sossego: era gente pedindo esmola em todo canto, criança jogando cascalho na estrada para ganhar umas moedinhas.”

“Na última seca, ninguém foi para a rua, ninguém foi para o supermercado saquear, ninguém invadiu para roubar comida. Isso tudo acabou.”

Com informações de BBC Brasil

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