GeralTodas as Notícias

Combustível do Piauí é o menos fiscalizado do Nordeste

anuncio17 UNIFSA

Quem mora em Teresina, com certeza, foi ou conhece alguém que já ficou “no prego” por causa de combustível ruim. E o problema parece ser em todo o Estado. Mas não é para menos. De acordo com o levantamento semestral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o combustível piauiense é o menos fiscalizado do Nordeste.

Para se ter ideia da dimensão do problema, basta fazer um comparativo com a Bahia, o Estado mais fiscalizado. Por lá foram realizadas 967 ações de fiscalização, que renderam 308 autos de infração e 20 de interdição nos primeiros seis meses do ano. No Piauí, durante o mesmo recorte temporal, os dados foram pífios: 59 ações de fiscalização com com 25 autos de infração e um de interdição.

(Crédito: Efrém Ribeiro)
(Crédito: Efrém Ribeiro)

Até mesmo Sergipe, o menor Estado do Brasil, possui uma fiscalização mais abrangente que a do Piauí. Foram 70 ações de fiscalização que renderam 15 autos de infração e um de interdição nos meses de janeiro a junho de 2017.

Atento ao problema, o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) vai tomar para si a responsabilidade de fiscalizar os postos de gasolina piauienses. “Não adianta apreender um produto sem fazer perícia. Nós estamos fazendo um convênio com o laboratório da UFPI [Universidade Federal do Piauí] para fazermos a análise do produto apreendido”, explica o promotor Nivaldo Ribeiro.

A ideia é suprir a demanda através da parceria. “Faremos um termo de cooperação técnica para iniciar este trabalho. O convênio com a ANP não foi renovado, e a consequência disto é o baixo número de fiscalizações”, acrescenta o promotor de Justiça.

Nivaldo Ribeiro ressalta que é necessária uma fiscalização mais dura e que há subnotificação dos casos em que o consumidor é lesado. “Tudo o que é ruim no Brasil prejudica o consumidor. Planejamos uma fiscalização mais rígida. Infelizmente não temos muitas denúncias, porque não tem como o consumidor provar que o combustível está adulterado, porque até mesmo o vasilhame para captar o produto precisa ser de um material específico”, frisa.

Assistência técnica: combustível ruim afeta até 5% dos carros

Quem se dá mal com a baixa fiscalização? Os donos de veículos. Segundo Fábio Henrique, gerente de serviços da Canadá Veículos, pelo menos 5% dos carros que chegam à assistência técnica autorizada da Chevrolet em Teresina são em decorrência de combustível ruim nas bombas.

Os principais danos que o combustível ruim provoca é a contaminação do sistema de combustível. As válvulas injetoras ficam prejudicadas pelo acúmulo de carvão e, além disso, há a carbonização do motor, que pode levar o carro a não ligar em razão da sujeira. “A vazão dos bicos injetores trabalha de forma deficitária, principalmente em carros flex. Isso aumenta até mesmo o consumo do carro”, analisa.

E o prejuízo pode ser bem salgado. “Levando em consideração um catalisador danificado, a variante de gasto é de R$ 150 a R$ 3 mil. Pode ser necessária a limpeza do catalisador ou até mesmo a substituição da peça”, enumera o gerente. (L.A.)

Combustível aditivado é mais recomendado

A recomendação é abastecer sempre em postos com bandeira e, se possível, usar tipos especiais de gasolina que limpam o motor. “Orientamos os clientes a usarem combustível aditivado. Além disso, tem certos tipos de gasolina que limpam o motor, mas o custo é mais elevado que a gasolina comum”, aponta Fábio Henrique.

Além disso, a limpeza preventiva dos bicos injetores também pode evitar dores de cabeça. “O recomendado é que a cada 25 mil quilômetros rodados as pessoas façam a limpeza dos bicos injetores. Isso ajuda e muito a evitar possíveis problemas, além de evitar a perda da performance do veículo”, alerta o gerente de serviços da Canadá Veículos. (L.A.)

OAB orienta consumidores a guardar cupom fiscal

De acordo com Michel Saldanha, presidente da Comissão de Direito do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Piauí (OAB-PI), é preciso guardar os cupons fiscais de abastecimento. Ele afirma que a fiscalização existente no Piauí é apenas a aferição das bombas, para saber se a quantidade paga é a mesma que vai para o tanque.

“Nós temos um índice de qualidade do combustível muito ruim, e isso é refletido pelos problemas enfrentados pelos consumidores. Por isso, o consumidor deve exigir a nota fiscal do abastecimento, pois com isso ele poderá provar caso haja algum prejuízo. Com o cupom, ele poderá requerer as providências cabíveis à Justiça, como possíveis danos ao veículo”, explica Saldanha. (L.A.)

Jornal Meio Norte

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Você está usando um bloqueador de anúncios.