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Dados sobre violência contra a mulher colocam entidades em alerta

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Delegacia da Mulher em Picos
Delegacia da Mulher em Picos

A Delegacia Especializada da  Mulher no município de Picos divulgou a estatística com o número de ocorrência de violência contra a mulher. Os dados foram contabilizados a  partir da instalação da Delegacia Especializada em agosto de 2008 a março de 2011.

A estatística mostra que nem mesmo a efetividade da Lei Maria da Penha e a atuação da Delegacia Especializada da Mulher em Picos  conseguiu frear   violência contra mulher, são casos de homicídio, lesões corporais, ameaças, calunias, estupros,  espancamentos, danos, maus tratos  e outros.

Ao todo são 41 tipos  de crimes tipificados pela lei, os dados não incluem as mortes de três  mulheres ocorridas no início do segundo semestre deste ano, para a UMP, o  fato de a polícia ainda não ter prendido nenhum suspeito das mortes de  Francisca Evangelista e Elenilsa Maria de Sousa, ambas mortas de forma brutal, demonstra a falta de prioridade pelas questões envolvendo mulheres. Apenas o assassino da jovem Ana Regia foi preso pela polícia.

Confira os dados na integra.

Ameaça 95
Lesão Corporal 73
Dano 06
Violação de Domicilio 01
Extorsão  04
Injuria 04
Difamação 02
Calunia 04
Estupro 07
Tentativa de Estupro 02
Homicídio 03
Tentativa de Homicídio 05
Dano e Incêndio 01
Lesão Corporal e Dano 22
Estupro Presumido 07
Atentado Violento ao Pudor  01
Difamação Injuria e Ameaça 11
Lesão Corporal e Ameaça 57
Estupro e Atentado Violento ao Pudor 01
Exploração Sexual Menor 12
Tentativa de Furto 01
Estupro de Vulnerável 20
Tentativa de Lesão Corporal 01
Ameaça, Violação de Domicilio e Dano 01
Apropriação 01
Ameaça e Perturbação  01
Difamação e Ameaça 04
Ameaça e Dano 04
Lesão Corporal, Ameaça e Estupro 03
Maus tratos 05
Difamação e injuria 03
Lesão Corporal e Invasão  de Domicilio 01
Fornecer bebidas a menor 01
Lesão Corporal e Cárcere Privado 01
Vias de Fato 01
Apropriação bens de idoso 01
Lesão Corporal  Extorsão  01
Lesão Corporal, Ameaça e Dano 01
Extorsão e Dano 01
Injuria e Ameaça 03
Favorecimento a prostituição e exploração sexual de vulnerável. 01

A delegacia apresentou ainda os seguintes dados.

Inquéritos instaurados- 260
TCO – 94
Ato infracional- 04
Boletins de Ocorrência- 539

Semana da Solidariedade vai abordar violência contra a mulher em Picos

A  semana da Solidariedade teve inicio no último dia seis de novembro e se  estendeu até o dia 12, o evento é organizado pelas Caritás Brasileira.  No município de Picos, a Semana da Solidariedade acontecerá no próximo  dia 16 e contará com o total apóio da UMP – União das Mulheres Piauiense, núcleo de Picos.

A Semana traz como tema central: “Solidariedade: Sementes que transformam”.  A semana da Solidariedade  deste ano traz a tona uma dura realidade da mulher brasileira, os dados  levantados por duas estatísticas mostram que em duas a cada cinco  mulheres já foram violentadas no Brasil. A violência sexual, não está fora da realidade das mulheres de Picos, os dados divulgados pela  Delegacia Especializada da mulher no município revela que no período de  agosto de 2008 a março de 2011, foram registrados 35 estupros de  mulheres no município.

A UMP revela que como gesto concreto da Semana da Solidariedade quer a construção da “Casa Abrigo”, essa casa servirá como ponto de apoio para mulheres vitima de violência. Nessa casa a mulher terá apoio psicológico, e preparação para o mercado de  trabalho, será uma forma de devolver para cada uma a dignidade.

Segundo o movimento, um abaixo assinado está sendo preparado para ser entregue ao poder legislativo e executivo de Picos, além da Assembléia Legislativa por intermédio das deputadas estaduais, Belê, Margarete Coelho e outras parlamentares, como também,  da Câmara dos Deputados através da deputada federal Iracema Portela. Esse abaixo assinado reivindica dos poderes representaivos da sociedade a construção da casa abrigo.

Núcleo multidisciplinar Maria da Penha ainda está sem funcionar na cidade de Picos

A  construção e funcionamento do Núcleo Multidisciplinar Lei Maria da Penha é outra luta das mulheres de Picos, o núcleo tem como objetivos: Desenvolver atividades relacionadas ao planejamento, execução,  avaliação, coordenação e supervisão de ações voltadas para a questão da  violência contra a mulher, prevista na Lei Maria da Penha.

Desenvolver  trabalhos interdisciplinares, visando compreender cada sujeito na sua  peculiaridade. Realizar atendimento transdisciplinar às mulheres,  acompanhado-as nos demais serviços da rede. Prestar atendimento  psicossocial especializado à mulher em situação de violência e autores  de violência doméstica contra a mulher. Subsidiar o juiz e o promotor  através da elaboração de Laudos e Parecer Psicossocial.

Identificar para o desenvolvimento de uma política de atendimento e movimentação  processual que privilegie o sigilo dos casos e a identidade das partes,  especialmente nos setores da instituição. Desenvolver capacitações na  área de gênero junto a todos os membros que, na sua função, atendem a mulheres em situação de violência e os agressores, prestando um  atendimento único, humanizado e livre de juízos de valor.

Para o  Movimento de Mulheres, o funcionamento do nucleio será um avanço grande  na valorização da mulher, pelo fato de proporcionar atividades que  ajudam a melhorar a qualidade de vida. A UMP denuncia que o núcleo foi  estruturado há mais de 2 anos para funcionar e até o momento, o prédio  que é alugado continua fechado sem perspectiva de quando o mesmo vai  abrir as portas para atender as mulheres picoenses.

UMP do anonimato às lutas

Após  a ditadura militar dos anos 60, muitos movimentos surgiram no País entre eles o movimento feminista, a princípio organizado e defendido  pelas mulheres trabalhadoras rurais. Em Picos não foi diferente e logo  as mulheres se organizaram e fundaram um grupo que até hoje resiste com  firmeza.

A União de Mulheres de Picos-UMP foi fundado em 1983 com um pequeno grupo  de quatro mulheres no Bairro Junco, o movimento foi crescendo e  ganhando cada vez mais adeptas, no dia 31 de outubro de 1999 aconteceu  uma assembléia, onde foi escolhida a primeira coordenadora do movimento.  Naquela opotunidade Gertrudes Maria de Oliveira foi escolhida em  assembléia para direcionar os rumos do movimento.

Nega Mazé da UMP
Nega Mazé da UMP

Após a  asembléia de 1999, foi criado um plano que definia qual eram as  bandeiras de lutas do movimento. Segundo Maria José Alves do
Nascimento(Nega Mazé)  atual coordenadora da UMP, a luta maior das  mulheres era pela liberdade. “Queríamos que as mulheres se libertassem  do machismo e ocupassem os espaços, dizíamos que precisávamos sair das  quatro paredes, por que se não somos livres como vamos mostrar para as  outras mulheres que é necessário que elas saiam das quatro paredes”.  Disse

A coordenadora ressalta que a preocupação do movimento era  ocupar espaço, segundo Nega Mazé,  eram poucas as mulheres que estudavam
e trabalhavam fora, as mulheres estavam começando a despertar para seus  direitos.  Pouco a pouco as mulheres foram ocupando de fato seu espaço  na sociedade.

Delegacia conseqüência de luta

Com  o crescimento da UMP e com as denúncias de violência contra a mulher  que cada vez mais chegavam, o próximo passo seria a criação da delegacia  especializada de combate à violência contra a mulher.  A luta começou a  mais de 10 anos antes da criação e implantação em agosto de 2008.

Segundo  a UMP, era necessário a criação de um espaço, onde as mulheres pudessem  ficar a vontade para fazer suas denúncias e que fosse a uma delagada  mulher para evitar qualquer tipo de constrangimento. “Com a Lei  11.340/2006 a Lei Maria da Penha nas mãos, precisávamos de um espaço  onde a lei pudesse ser colocada em prática, onde as mulheres sentissem  segurança para denunciar seus agressores”. Ressalta Nega Mazé.

Após  anos de luta em agosto de 2008 foi inaugurada oficialmente em Picos a  Delegacia Especializada da Mulher, tendo a frente na época à delegada  Janaina Nobre. Para o movimento a delegacia não inibiu os agressores, a  aferição foi constatada no resultado das estatísticas divulgadas sobre o  índice de violência em Picos pela própria Delegacia da Mulher. Depois a  delegada da Janaina deixou a cidade de Picos para assumir os trabalhos  em outra cidade, havendo portanto], uma modificação na própria rotina de  trabalho. Depois assumiu a sua substituta e agora quem está no comando a  DEM é a delegada Siglia que ainda tem que atender em mais três cidades  deixando-a sobrecarregada.

O movimento informou que a atual  delegada da Mulher em Picos, Siglia não atende somente em Picos, pois  ainda se desloca para a cidade de Dom Expedito Lopes, Santa Cruz do  Piauí e Paquetá e ainda dá plantão na central de flagrantes, deixando na  maioria das vezes, a Delegacia Especializada da Mulher descoberta o que  causa a insatisfação da UMP que reivindica uma delagada de plantão  diariamente na Delegacia Especializada. Para o movimento é humanamente  impossível uma pessoa conseguir realizar bem tantas tarefas ao mesmo  tempo, por mais comprometida que ela seja, não dá para cobrir tanta  coisa e estar em vários locais ao mesmo.

Fonte: Equipe:Ilzanete Amorim, Sarah Maia
Gean Carvalho e Luciana Santos

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