CidadeDestaquesEconomiaGeral

Estiagem inflaciona preço de alimentos em Picos

anuncio17 UNIFSA
Aumento dos preços é motivo de preocupação - Foto: Maria Moura

Por Maria Moura e Romário Mendes
Da Redação 

As perdas provocadas pela estiagem na região de Picos ultrapassam as fronteiras do campo e já podem ser sentidas também pelos habitantes dos centros urbanos. O preço de cereais como feijão e milho sofreu alta elevada nos últimos meses, reflexo que atinge diretamente o bolso dos consumires.

O dinheiro que aquece a economia do município modelo é originado em grande parte das negociações entre agricultores, produtores rurais e comerciantes de municípios vizinhos. Com as perdas da última safra, a economia da região vem desacelerando.

“Picos é uma cidade que tudo gira em torno da agricultura, e a falta de chuvas tem afetado diretamente os comércios, porque as pessoas priorizam a alimentação enquanto o comércio de luxo e de bens secundários fica em segundo plano”, diz Benó Santos, gerente de uma loja do ramo dos calçados. Para ele, ainda é cedo para se falar em demissões, mas “com o fluxo de vendas diminuindo os investimentos no mercado também caem”.

Clientes reclamam da alta nos preços, diz comerciante Eduardo Filho - Fotos: Romário Mendes

Comerciantes de cereais afirmam que a inflação dos grãos é ainda maior em razão da escassez de plantios em áreas próximas ao município de Picos. Os alimentos são comprados em cidades mais distantes – outras regiões do estado – encarecendo os produtos. “A gente compra caro e acaba tendo que vender caro”, diz Eduardo Filho, adiantando que o feijão vendido em Picos está vindo principalmente da Bahia e de cidades da região Sul do Piauí.

De acordo com Eduardo, o valor do feijão dobrou e é possível que nos próximos meses o valor continue crescendo. Os mais prevenidos já estão fazendo o chamado “pé-de-meia” e comprando grandes quantidades de alimentos como milho, feijão e ração para os animais.

Dono de um ponto tradicional no Mercado Público de Picos, Valdemar Francisco Rodrigues lembra que o prejuízo de um inverno ruim no semiárido nordestino não prejudica apenas aqueles que vivem na zona rural. “A perda não é apenas do homem da roça, ela se divide com as pessoas da cidade”, enfatiza.

Agricultor lamenta estiagem - Fotos: Romário Mendes

Para o homem do campo as preocupações são maiores: a maior fonte de renda continua sendo a terra. “As pessoas que plantaram perderam praticamente tudo”, conta o agricultor Agostinho Expedito de Sousa. “O milho chegou a soltar o pendão e o feijão começou a aflorar, mas a chuva não veio”, lamenta.

Morador da zona rural do Geminiano, o agricultor explica que os criadores de animais da região estão vendendo seus rebanhos em razão da falta de pasto. “Na ração não há condições de sustentar”, finaliza.

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Você está usando um bloqueador de anúncios.