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Estudante picoense sequestrado no Pernambuco comenta pela primeira vez o caso

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O picoense e estudante de Psicologia, Anderson Veloso, de 21 anos, pela primeira vez comentou sobre os momentos de pânico que viveu ao ser sequestrado no último sábado, 30, na cidade de Petrolina, Estado de Pernambuco, onde reside atualmente. Segundo relatos do estudante, ele foi sequestrado por  três pessoas, espancado, e ainda chegou a ser violentado sexualmente.

Anderson Veloso, 21 anos - Foto: Reprodução/ Facebook
Anderson Veloso, 21 anos – Foto: Reprodução/ Facebook

Anderson Veloso utilizou o perfil pessoal de uma rede social para denunciar a violência que sofreu.  Em questão de minutos,  a publicação já havia tomado proporções gigantescas, e o estudante recebeu diversos comentários de apoio, ressaltando a sua coragem em não se calar perante o ocorrido.

“Eu não serei silenciado. Relatei todo o meu drama como forma de que as pessoas tomassem conhecimento disto. Vivemos numa sociedade em que as pessoas não respeitam a diferença do outro. Até agora tenho recebido inúmeras mensagens de apoio, e tenho procurado responder todas”, disse o estudante.

petrolina

Sobre a causa para a agressão sofrida, Anderson disse desconhecer algo que pudesse motivar tamanha crueldade, pois sempre procura manter um bom relacionamento com as pessoas. No próprio depoimento, o estudante comenta que os agressores falavam que ele teria de sair de Petrolina. “vou te matar veado, “vai embora de Petrolina veadinho, e tantos outros ainda ecoam dentro de mim e eu sei que eles permanecerão ainda por muito tempo. Todavia, mesmo diante disso tudo, eu não me silenciarei”, relatou.

Anderson estuda Psicologia na Universidade Federal do Vale do São Francisco, e segundo informações este é o segundo caso de violência homofóbica em menos de um mês registrado com alunos da instituição.

Veja o depoimento!

O dia 30 de abril de 2016 tinha tudo pra terminar de uma forma positiva, mas não foi isso que aconteceu. Mais uma vez, a violência e o ódio permearam as ruas da cidade de Petrolina, fato que tem acontecido bastante, levando em consideração as grandes tragédias que aconteceram aqui nos últimos tempos. Entretanto, dessa vez foi algo diferente. A vítima de todo esse obscuro e frio momento me fez parar pra refletir sobre diversas questões que antes não chegavam até a pele, até o verdadeiro sentir. Dessa vez, a vítima da agressão foi eu.

Tantas e tantas vezes já havia ouvido falar que a homofobia matava, mas mesmo assim, isso não me chegava aos olhos, visto que nunca havia passado por uma situação como essa. Hoje, só hoje, eu posso verdadeiramente enxergar que o preconceito é capaz de nos levar a lugares nunca vistos antes, e com o coração despedaçado, infelizmente, terei de confessar aqui que ontem à noite, por volta das 18:30 da noite, eu fui capturado por três pessoas em um carro sedan preto; fui levado a um lugar desconhecido e chegando lá me espancaram com socos, me derrubaram no chão e continuaram a me bater, mesmo já debilitado, após isso me enforcaram com o cordão do meu short. Como se não bastasse tudo isso que aconteceu, ainda violaram sexualmente de mim.

Os gritos de “vou te matar viado”, “vai embora de Petrolina, viadinho” e tantos outros ainda ecoam dentro de mim e eu sei que eles permanecerão ainda por muito tempo. Todavia, mesmo diante disso tudo, eu não me silenciarei. A minha dor não será apenas mais uma dor. O meu choro não será um choro em vão. Olhar e ver o desespero daqueles que verdadeiramente me amam, rasga meu coração. Olhar em um espelho qualquer e ver o desespero no meu próprio olhar, me consome. Só que essa luta não é só minha. Em nome de todos aqueles que já apanharam ou morreram por conta da homofobia, eu digo: não foi em vão. Nós somos fortes e nós vamos conseguir, mesmo que queiram nos destruir. E quantos são aqueles que foram destruídos pela simplicidade de existir, tantos são aqueles que ainda serão atingidos e se machucarão pior do que eu. Eu sou um sortudo, um maldito sortudo que carregará dentro de si uma dor que agora faz parte de mim, mas eu ainda estou aqui.

Apesar de achar que nunca mais iria ver meus pais, meus amigos ou aqueles que verdadeiramente eu amo, eu ainda estou aqui. E EU SEI QUE NÃO É EM VÃO. Agora, não mais uma dor me consome, além disso, uma danada vontade de lutar e gritar está louca pra sair, assim como as lágrimas que escorrem pelos meus olhos. Doeu? Sim. Vai doer mais? Sim. Mas isso não me calará. Essa dor que eu estou sentindo não é só minha, é a dor das milhares de famílias e amigos que perderam os seus por não serem esses malditos sortudos, assim como eu. É por eles, pelos que não voltaram. Pelos meus familiares. Pelos meus amigos. E acima de tudo, pela minha liberdade que ninguém toma, por aqueles que ainda irão levar muito na cara, por todos aqueles que perderam suas vidas. Um lado da minha face apanhou, mas EU AINDA TENHO O OUTRO LADO.

Corrente pelo respeito

Desde o momento da publicação do estudante, em que ele relatou o drama vivido durante o sequestro, uma verdadeira corrente virtual se formou em prol do respeito. Centenas de amigos, familiares compartilharam a publicação que hoje já tem mais de 500 compartilhamentos.

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