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Fogo destrói mais uma residência no bairro Morada do Sol

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Incêndio na Morada do Sol - Maria Teresa
Incêndio na Morada do Sol

Um incêndio ocorrido por volta do meio dia desta quarta-feira (07) em uma residência no bairro Morada do Sol, em Picos, deixou uma casa completamente destruída. As chamas avançaram rapidamente e a moradia teve perda completa.

Segundo o presidente da associação de moradores do bairro, Fábio Pimentel, quando a comunidade percebeu que a residência estava em chamas, algumas pessoas ainda tentaram controlar o incêndio, mas não conseguiram.

A proprietária da casa, Maria Teresa, 76 anos, morava sozinha e estava no Cemitério São Pedro de Alcântara no momento em que as chamas tiveram início. A idosa estava aguando as plantas do local, trabalho que realiza cotidianamente.

Incêndio na Morada do Sol - Maria Teresa
Corpo de Bombeiros tenta controlar as chamas

 

O Corpo de Bombeiros ainda foi acionado para tentar controlar o incêndio, mas quando chegaram à moradia não havia mais nada que pudesse ser feito. A casa era construída com barro e madeira, material de rápida combustão. “O fogo surgiu muito rápido e com a alta temperatura consumiu a residência em questão de minutos”, disse Fábio.

Este é o segundo caso de incêndio em residências no bairro Morada do Sol em menos de um mês. Em novembro passado, a residência do senhor Francisco Ederson da Silva, onde vivia ao lado da esposa e das filhas, a mais velha com dois anos, a mais nova, um bebê de dois meses, pegou fogo. As chamas teriam se espalhado após uma vela ser colocada sobre o fogão em decorrência da falta de energia elétrica. Um gato teria derrubado a vela e dado início ao incêndio.

A partir de uma iniciativa coordenada pela Associação de Moradores do Bairro Morada do Sol (AMBMS), materiais de construção foram arrecadados e aos poucos a residência da família está sendo reerguida.

Incêndio na Morada do Sol - Maria Teresa
Incêndio na Morada do Sol
Incêndio na Morada do Sol - Maria Teresa
Moradora de 76 anos perdeu tudo
Incêndio na Morada do Sol - Maria Teresa
Incêndio na Morada do Sol
Incêndio na Morada do Sol - Maria Teresa
Casa em chamas

Com informações do AgoraEd
Fotos: Fábio Pimentel
Edição: Roger Bezerra
Texto complementar: Maria Moura

CONHEÇA MAIS SOBRE O BAIRRO MORADA DO SOL

Textos e Fotos:
Maria Moura
Publicado em 29/06/2011 

Controverso até nas origens, o bairro Morada do Sol é um lugar marcado pelo preconceito e pela desigualdade social. Pelas ruas tortuosas, famílias aglomeram-se em residências alternativas e dão vida a um cenário cercado de desafios.

Crianças correm de um lado a outro empinando pipas e jogando futebol. Enquanto estiverem em cima do morro, estão seguras do preconceito que vem das terras baixas. Para quem vive ali, o fim da ladeira que dá acesso ao bairro representa a fronteira entre o respeito e a desconfiança.

Conhecido e estigmatizado como um dos locais mais violentos da cidade de Picos, a Morada do Sol está sempre na linha de frente quando o assunto é criminalidade. “Uma imagem difícil de alterar”, lamente Fábio Pimentel, presidente da Associação de Moradores do Bairro Morada do Sol – AMBMS. Difícil, mas não impossível.

Com cerca de 950 famílias e uma população de aproximadamente quatro mil pessoas, a Morada do Sol possui uma dinâmica própria. As famílias acordam cedo para descer o morro. Lá não há geração de renda nem empregos, por isso é preciso cruzar a fronteira para encontrar um trabalho que permita uma vida digna.

Mudar é preciso
Por ser um bairro com uma população que vive em condições de vulnerabilidade social, uma das duas únicas unidades do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) de Picos foi instalada na Morada do Sol. A unidade conta com uma psicóloga e duas assistentes sociais que acompanham aproximadamente 800 famílias.

A pobreza, em geral, está associada à marginalidade. Uma visão deturpada, garante Patrícia Gadelha, assistente social do CRAS. “Apesar de você ouvir falar muito sobre criminalidade, a pobreza e a miséria que existem aqui dentro, a Morada do Sol é um bairro totalmente diferente. Existe a criminalidade, sim, como existe também na minha rua e em qualquer outro lugar”, ressalta Patrícia.

Lourena Holanda, Patrícia Gadelha, Lilia Alves e Evertânia de Carvalho. Assistente Social do CRAS e estagiárias do curso de Serviço Social da Faculdade RSá.

Infância e Juventude
Para manter as crianças e adolescentes longe das drogas, o CRAS vem trabalhando junto a AMBMS em projetos que ocupem o tempo ocioso da molecada com atividades recreativas e profissionalizantes. Fábio Pimentel mostra com orgulho o terreno cedido por um morador, no local será erguido um parquinho para as crianças do bairro. O CRAS também realiza trabalhos com grupos de idosos, jovens e mulheres.

O investimento na juventude tem motivos específicos: eles representam o futuro. A Creche Zeca Curica, situada no alto do morro, recebe diariamente 217 crianças com faixa etária de 4 a 10 anos. À noite, o espaço é usado para a educação de jovens e adultos. Fábio acredita que a educação é o melhor caminho para impedir que os jovens entrem no mundo da marginalidade.

Com doações, a AMBMS está montando um telecentro comunitário que funcionará na sede da associação. Sete computadores já foram doados, mas ainda faltam professores voluntários para ministrarem as aulas. O telecentro é um espaço público onde as pessoas podem usar o computador e ter acesso, entre outras coisas, à rede mundial de computadores: a Internet.

A Segurança
Quem vive na Morada do Sol garante que a segurança não é o maior problema da população local. “Ir e vir nunca foi difícil pra mim”, garante Arlísio Rodrigues, um dos moradores mais antigos do bairro. Dona Maria Joana diz que a falta de iluminação é um risco, mas isso “em qualquer rua de Picos, não só na Morada do Sol.”

Os moradores acusam a mídia pelo estigma que caracteriza o bairro. “Essa Morada do Sol não é ruim. O negócio é que tudo o que acontece, seja por onde for, quando vai a entrevista só parte pra Morada do Sol. Aqui tem gente boa também”, comenta Maria Valéria, que há 23 anos vive no alto do morro. Ela ainda lembra-se do primeiro crime ocorrido ali, em um clube antigo, aonde um rapaz foi assassinado.

Dona Maria Valéria e, à esquerda, uma de suas filhas.

As dificuldades
Mãe de um filho com deficiência, Maria Joana diz que a falta de pavimentação nas ruas dificulta a locomoção. A cadeira de rodas fica largada sobre uma calçada alta, cheia de degraus. A acessibilidade não chegou ali. A água também não.

Os potes de barro são a garantia da água para a labuta diária. Dona Joana diz que sem eles fazer as atividades domésticas é impossível, pois não há água na torneira durante o dia. Os potes são cheios nas altas horas da noite, quando a força da pressão das bombas da Agespisa conseguem atingir as casas mais altas do bairro. “Toda coisa que a gente vai fazer tem que ter água. Eu tenho um filho deficiente que só vive no chão, tem que tomar banho e não pode porque não tem água”, pontua.

A equipe do RiachaoNet procurou a Agespisa. De acordo com Chagas Ferreira, gerente regional interino, a falta de água acontece porque algumas casas estão em um nível mais alto do que o da caixa de água que abastece a cidade. Com isso, as bombas não conseguem levar a água a todas as casas. Para resolver o problema, uma bomba mais potente foi instalada dentro da caixa para garantir que nenhuma residência da Morada do Sol fique sem o fornecimento de água ao menos uma vez ao dia. “Não há um imóvel que não esteja recebendo água pelo menos à noite”, disse o gerente.

Potes de barro onde dona Joana guarda a água

As origens
Inicialmente, o morro que hoje é chamado de Morada do Sol era conhecido por Morro do Urubu. A denominação atual veio apenas após a fundação de uma vila com 21 casas, ainda durante a gestão do ex-prefeito Abel de Barros Araújo. As famílias que ocuparam as casas da vila viviam em moradias improvisadas em um “grotão”, no cruzamento da Rua Tiradentes com a Dom Expedito Lopes, no bairro São José.

Segundo o relato dos moradores, o nome Morada do Sol partiu de uma sugestão de Kennedy Barros, filho do ex-deputado Barros Araújo e sobrinho de “Dr. Abel”, prefeito de Picos àquela altura. O jovem teria sugerido o nome por ter gostado de um bairro em Teresina com a mesma denominação.

Fábio Pimentel, presidente da AMBMS
Terreno onde será contruído o parquinho para as crianças do bairro

Um incêndio ocorrido por volta do meio dia desta quarta-feira (07) em uma residência no bairro Morada do Sol, em Picos, deixou uma casa completamente destruída. As chamas avançaram rapidamente e a moradia teve perda completa.

Segundo o presidente da associação de moradores do bairro, Fábio Pimentel, quando a comunidade percebeu que a residência estava em chamas, algumas pessoas ainda tentaram controlar o incêndio, mas não conseguiram.

A proprietária da casa, Maria Teresa, 76 anos, morava sozinha e estava no Cemitério São Pedro de Alcântara no momento em que as chamas tiveram início. A idosa estava aguando as plantas do local, trabalho que realiza cotidianamente.

O Corpo de Bombeiros ainda foi acionado para tentar controlar o incêndio, mas quando chegaram à moradia não havia mais nada que pudesse ser feito. A casa era construída com barro e madeira, material de rápida combustão. “O fogo surgiu muito rápido e com a alta temperatura consumiu a residência em questão de minutos”, disse Fábio.

Vizinhos acreditam que um curto circuito pode ter sido a origem do incêndio.

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