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Kleber Eulálio: “Quando o Governo tem a maioria, o legislativo não cumpre seu papel”

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Kleber Eulálio
Kleber Eulálio

Descendente de uma família de políticos, Kleber Eulálio exerce atualmente seu sétimo mandato de deputado estadual. Iniciou a vida como parlamentar ainda em 1982. Já passou por todas as funções que caberia a um deputado dentro do legislativo. Foi governador interino do Piauí em 2001, após cassação do ex-governador Mão Santa. Como presidente da Assembleia Legislativa, à época, o peemedebista ficou à frente do Executivo estadual por 10 dias. Eleito prefeito da cidade de Picos nas eleições deste ano, Kleber afirma que a função mais importante que exerceu ao longo de sua trajetória na política foi integrar a Assembleia Estadual Constituinte que elaborou e promulgou a Lei Estadual de 1989, Constituição essa que está em vigor até hoje. Em seu gabinete na Assembleia, ele recebeu a equipe de O DIA e fez um balanço de seus mandatos. Para Kleber Eulálio, o legislativo se fortalece apenas quando existe um equilíbrio de forças políticas. E, em sua avaliação, quando um Governo tem maioria na Assembleia o “poder legislativo não cumpre o seu dever”. E afirma: “O Governo geralmente tem a maioria para fazer tudo o que quer, como quer, na hora que quer”. Sobre as expectativas para a gestão da cidade de Picos, o deputado diz que encara como novo desafio. “É como estivesse começando”. Kleber Eulálio comenta ainda sobre o impasse envolvendo a eleição para o Diretório Estadual do PMDB. Segundo ele, o secretário Avelino Neiva não é o melhor nome para conduzir o partido. Para o deputado, seu partido terá um papel fundamental nas eleições de 2014 e lembra que além de formar uma aliança competitiva, o vicegovernador Zé Filho (PMDB) deverá “estar mais presente”. E alerta: “Não adianta nada sem o respaldo popular”. O prefeito eleito de Picos defende uma aliança com os partidos que integram a base de apoio do atual Governo. E pondera sobre uma possível aliança com a oposição, como o PSDB: “Nada contra o PSDB, mas eu acho que primeiro temos que tentar formar essa chapa dentro do Governo do qual nós participamos”. Confira a entrevista:

O senhor possui uma longa história no legislativo piauiense. Qual a avaliação que o senhor faz agora que é o último ano de mandato, após a eleição onde o senhor administrará a cidade de Picos?
Agora, em janeiro, encerro a longa passagem pela Assembleia com a consciência tranquila de que procurei me deixar ao máximo, cumprir com o meu dever de parlamentar, de articulador político, de encaminhar as soluções, debates e participar ativamente dos trabalhos da Assembleia. Acho que honrei os municípios que me elegeram seu representante, levando para cada um dos municípios as mais diferentes obras do setor de estrada, saúde, eletrificação rural, abastecimento de água. Eu chego ao final dessa longa jornada, repito, com a consciência tranquila de que cumpri meu papel que fiz por onde merecer a confiança desses piauienses que honraram com o seu voto.
Existe algum projeto que o senhor considera ter sido estratégico ao longo de tantos mandatos?
Toda minha atuação parlamentar o que mais me deu satisfação foi a oportunidade de ser presidente da Assembleia Estadual Constituinte. Foi um ano de trabalho, de muito trabalho, e mais do que nunca exercitamos, fomos à exaustão na capacidade de dialogar, conversar com todos os representantes, com os Governos, associações, entidades de classe, enfim, o meu trabalho como parlamentar foi mais gratificante foi ter presidido a Assembleia estadual Constituinte. Eu acho que foi o ponto alto de minha carreira.
Por ter passado por tantas funções no legislativo o senhor vivenciou muitas fases da Assembleia. Mas, o que o senhor acha que ainda é preciso avançar no legislativo?
Acho que a Assembleia cresce quando existe um equilíbrio de forças aqui dentro. Sempre que há a hegemonia, o grupo político predominante, falando de uma forma bem clara: sempre que o Governo tem a maioria para fazer tudo o que quer, como quer, na hora que quer, o poder legislativo diminui. O poder legislativo não cumpre o seu dever. Eu já vivi as duas situações: já vivi momentos em que o Governo fazia tudo o que queria, sendo da oposição e já vivi momentos em que o Governo fazia tudo o que queria, eu sendo do Governo e já vivi momentosem que existia esse equilíbrio e foram nestes momentos em que o legislativo mais cresceu. Onde mais exerceu seu papel delegislar, de influenciar nas decisões do Estado, foi no momento em que existiu esse equilíbrio de forças.
Os dois últimos Governos do Piauí tiveram ou têm maioria na Assembleia. Eles fazem o que quer no legislativo?
Vamos deixar minha resposta geral sem particularizar. A Assembleia cresce quando há um equilíbrio de forças.
A partir de agora haverá uma quebra, saindo do legislativo e indo gerir uma das maiores cidades do Estado que é Picos. Quais serão os maiores desafios?
Eu encaro minha ida à Prefeitura de Picos por decisão. Eu decidi ser candidato a prefeito de  Picos foi para cumprir uma missão. Eu fui chamado, convocado pelo povo de Picos. Quando eu andava nas ruas, as pessoas reclamavam dizendo que eu ficava em Teresina, numa boa, era expressão que eles usavam. E se queixavam que estavam precisando de alguém para cuidar da cidade, das pessoas. Então foi exatamente por isso. Chegou a hora em que eu precisava retribuir. Eu que recebi apoio por tanto tempo dessa população, eu acho que era hora de eu trabalhar mais especificamente por minha cidade. Então existe toda uma história: eu tenho um pai que já foi prefeito de Picos, família que me honra que prestou grandes serviços para aquela cidade com tantos outros membros desta família que tiveram a oportunidade de governar Picos. Eu recebi esse chamamento, essa cobrança e vou para lá com o maior entusiasmo possível. Digo que é como eu estivesse começando.
Todos os deputados que deixaram o legislativo para seguir outros caminhos na política deixaram “sucessores”: esposas, filhos e sobrinhos. Quem vai ser seu sucessor deputado?
Eu sempre defendi que era necessário fazermos a coincidência das eleições. Eleições em dois em dois anos é um erro. E agora que fui eleito prefeito, mas do que nunca tenho certeza de que essa minha tese, a favor da coincidência das eleições, é correta. Eu tenho mil coisas que preciso resolver, mil planos para colocar em prática e, ano que vem, vamos discutir a próxima eleição. Eu acho que não é hora. Não é bom para a cidade, para o país terminar uma eleição e começar pensar na outra. É um contrassenso, uma maluquice. Não sei como estamos tantos anos vivendo dessa maneira. Então, voltando para a sua pergunta: eu não sei. Estou muito preocupado com os compromissos que assumir com a população de Picos. Eu não tenho direito, não posso fracassar. Eu tenho que ser um bom prefeito, foi isso que eu disse para o povo. O povo confiou em minha história, em minha experiência. Se me proponho a ser prefeito não vou colocar política como prioridade. Vou colocar como prioridade a administração. Até porque estou fazendo o caminho inverso. O normal é alguém se eleger prefeito e depois ser eleito deputado. Eu estou fazendo o caminho inverso. Enquanto uns estão buscando se eleger deputado, eu estou voltando para ser prefeito. Então tenho essa obrigação, esse dever se der prefeito. No momento apropriado vou pensar se devo ou não lançar alguém para ocupar o meu lugar. Se resolver fazê-lo, tenho nomes da melhor qualidade. Mas acho que é cedo para tratar disso.
Quais nomes seriam, deputado?
Tenho amigos, tenho um irmão que é diretor geral do Departamento Estadual de Estradas e Rodagem (DER) que faz um excelente trabalho, que lhe credencia disputar qualquer cargo eletivo. Eu tenho um filho que é advogado que me acompanha por onde eu ando que tem hoje a amizade de todos os meus amigos e gostariam de estar, de vê-lo na política. Tenho amigos, que não tem laço familiar, mas que sempre me ajudaram, ex-prefeitos que sonham em ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa da região de Picos, por exemplo. Tem muita gente que eu posso ajudar. Mas repito: não dá para tocar duas coisas ao mesmo tempo. Neste momento eu não formei nem meu secretariado ainda. Então, se eu for começar agora a pensar nas eleições de 2014 eu vou fracassar como prefeito eeu não quero que isso aconteça.
O PMDB fará a eleição nestemês para o Diretório Estadual. E havia um consenso para a recondução do deputado Marcelo Castro à presidência até o secretário Avelino Neiva se colocar na disputa. A sigla buscará um consenso?
Não acredito na candidatura dele (Avelino Neiva)  com todo respeito que tenho a ele. Eu nem sabia que ele  era ainda do PMDB. Está com tanto tempo que ele não participa de nada do PMDB. Ele tem um filho deputado estadual do PSB, ele foi o grande articulador do PSB em Floriano, inclusive tirando o candidato que foi eleito, Gilberto Júnior, que era do PMDB, ele tirou para colocar no PSB. Eu acredito que o PMDB deve ser revitalizado, mas como todo respeito que eu tenho ao Avelino, não me parece que ele seja a melhor pessoa para fazer isso.
E quem seria, deputado?
Não o Avelino Neiva. Eu acho que dos quadros que nós temos o melhor nome para  ontinuar conduzindo o PMDB é o do deputado Marcelo Castro.
O senhor fala que o Avelino Neiva que é do PMDB está “trabalhando” a favor de outras siglas. Isso não caberia uma ação dos peemedebistas?
Esse é o grande problema dos partidos no Brasil. Só temos os ditos partidos de esquerda, PT, PCdoB e outros, que têm uma preocupação com essa questão de disciplina. Infelizmente os demais não têm. O meu está incluído nestes que não tem. Eu lamento profundamente.
O PMDB tem o vice-governador do Estado, Zé Filho que já fala em disputar o Governo do Estado em 2014, mas que depende da decisão de Wilson Martins de sair e disputar o Senado. Na avaliação do senhor, como poderá ser a participação do PMDB nas eleições?

O PMDB é um partido forte em qualquer circunstância. Muito mais forte ele ainda será se o vice-governador assumir o Governo. Se o vice-governador assumir o Governo ele será o candidato natural ao Governo. Tem o apoio do partido, com certeza fará uma boa coligação. Agora, para a gente ganhar a eleição tem que ter a força do seu partido, tem que fazer uma boa coligação e tem que ter apelo popular. Não adianta nada sem o respaldo popular. Então, o que eu tenho apelado para o vice-governador Zé Filho é que ele ande e visite o interior.
Falta apelo popular ao vice-governador para que ele se viabilize?
Ele é agradável, as pessoas gostam dele, as lideranças políticas também. Ele só precisa estar mais presente. Apenas isso para se tornar um candidato fortíssimo.
E essa coligação competitiva para a viabilização da candidatura passaria pelo PSDB, já que o próprio Zé Filho tem uma proximidade grande com o PSDB, com o Firmino Filho?
Nós participamos de um Governo onde o PMDB tem o vice-governador que é este eventual candidato ao Governo. Se o governador Wilson Martins se afastar, naturalmente ele vai continuar participando da eleição dentro do Governo. Então, já teríamos o apoio do PSB. Acho que devemos procurar aliados, fora da base aliada, se fracassar nas tentativas aqui. Nada contra o PSDB, mas eu acho que primeiro temos que tentar formar essa chapa dentro do Governo do qual nós participamos. Não sendo possível, aí então se abre o leque de conversações com os demais partidos.

Fonte: Portal O Dia

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