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Na região de Picos, casas ao lado de parque eólico permanecem sem energia

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Sentada em frente de casa, num lugar conhecido como serra do Inácio, na divisa entre Piauí e Pernambuco, a aposentada Altina Maria da Costa, 74 anos, reclama do barulho dos gigantescos aerogeradores, localizados a pouco mais de 200 metros: “Ave Maria! tem dia que a gente nem dorme com elas zoando aí. É uma zoada horrível!”.

Moradora do local há 15 anos, ela é uma das últimas remanescentes das redondezas, depois que 73 familias foram indenizadas para deixarem suas casas para a implantação das 98 torres.

Villarejo em Araripina (PE) que sofre com falta de energia mesmo ao lado de projeto eólico
Villarejo em Araripina (PE) que sofre com falta de energia mesmo ao lado de projeto eólico

“Continuamos aqui tomando poeira, renovando gripe…”, conta ela, que recusou a oferta para deixar o local.

A casa de três cômodos está cercada por aerogeradores, mas não tem luz. “De noite, a gente usa é vela mesmo”.

Localizada em Curral Novo do Piauí, a residência de Dona Altina é uma das cerca de 27,5 mil sem eletricidade no Estado, onde proliferam as torres eólicas e começam a aparecer os primeiros parques solares.

“[Se tivesse energia] dava para botar uma geladeira, né? Aqui, o cabra compra umas frutinhas no domingo e tem de comer em dois dias”.

Na região, mesmo quem tem acesso a energia reclama da falta de luz. “Quando cai um raio em São Paulo, apaga a luz aqui”, brinca José Gregório, 60 anos, desempregado, morador de Paulistana-PI.

A Eletrobras Piauí reconhece o problema e diz que a linha de transmissão que atende a região está sobrecarregada, mas que vem tomando medidas para melhorar o fornecimento.

A empresa é a 23ª em ranking de qualidade que incluiu as 32 distribuidoras do país com mais de 400 mil clientes.

Além de problemas de fornecimento, os piauienses têm sofrido com aumentos acima da média nacional – alta de 27,5 % em 2017.

“Tem dia aqui que a gente liga o ventilador e para tudo de funcionar”, reclama Edilson Oliveira de Carvalho, 45 anos, de sua casa, em Simões, de onde se vê os aerogeradores no alto da serra.

“Mas essa geração não está instalada para a gente, não, eles mandam para outros Estados”, diz, repetindo sentimento comum entre os moradores da região.

Folha de São Paulo

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