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Piauí desponta em tecnologia e se destaca fora do país

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O mercado de tecnologia da informação e telecomunicação (TIC) é um dos setores menos afetados pela crise. Implicada em todos os negócios, a tecnologia puxa a demanda por profissionais que possuem um vetor de produtividade e eficiência para as empresas. Por isso, profissionais de TI são considerados estratégicos para o negócio, por enfrentar os desafios por meio de inovações tecnológicas. As projeções apontam que em 2017 a área deverá saltar 2,5% em todo o país.

O professor de biotecnologia Marcelino Almeida, do Laboratório de Robótica, Automação e Sistemas Inteligentes (Labiras), destaca o grande potencial humano que o Piauí possui na área da tecnologia, principalmente no que corresponde à área de criação e desenvolvimento de aplicativos e games, e destaca o apoio que instituições de ensino como o Instituto Federal do Piauí (IFPI) têm proporcionado para professores e alunos pesquisar e executar novos projetos.

“O Ministério da Educação (MEC) tem acompanhado o que temos realizado, nos últimos cinco anos o Piauí tem começado a se destacar no cenário nacional, principalmente desde que passamos a participar anualmente da Olimpíada e Mostra de Robótica, e temos gente com muito potencial para ser explorado”, declarou Marcelino, ao tempo em que lamenta que mais pessoas poderiam se envolver nos projetos.

Por isso nasceu o programa ‘Robótica Formando Cidadãos’, um projeto que atende adolescentes e jovens de 13 a 19 anos de escolas públicas de Teresina e Timon, no Maranhão, oferecendo aulas práticas gratuitas de eletrônica e programação e encabeçado pelo Labiras. Os alunos do ensino fundamental e ensino médio colocam em prática fundamento das disciplinas de matemática, física, design, eletrônica e marketing para desenvolver projetos de robótica, e ainda melhoram o raciocínio lógico e aguçam a criatividade.

“Nosso objetivo é expandir o que acontece dentro do Instituto Federal para a sociedade e abrimos o leque e começamos a fomentar projetos em jogos, na área médica e outras pegadas que incentivam o aluno a aplicar o que vê no ensino técnico, na vida da sociedade”, frisou. O coordenador conta ainda que os alunos têm percebido que a partir dos seus projetos se tornam protagonistas da própria história e se sentem com autoestima elevada.

“Aqui se tem uma ideia que tecnologia é fora do Estado e que não podemos produzir nada, mas a partir do momento que esses jovens se veem como agentes modificadores, que eles podem criar e não somente consumir, esse cenário passa a mudar”, enfatiza. Entre outros destaques, Marcelino lembra o ex-aluno Carlos Erlan, de 27 anos, que está no Japão fazendo mestrado para criação de uma cadeira de rodas motorizada semiautônoma com roda omnidirecional e suspensão articular, que foi projetada no laboratório do Piauí.

Além disso, os projetos e alunos piauienses têm participado de eventos e competições em todo o mundo e conseguido galgar patamares que antes eram inimagináveis, como estar na final de uma competição promovida pela Microsoft, em que o jogo Crown Brawl, desenvolvido pelo Labiras, é o único game a participar da final no universo de 15 projetos finalistas. “A Microsoft é uma das maiores empresas de games e tem interesse pelo nosso jogo e se imaginarmos que o único projeto que é jogo saiu do Piauí, isso quer dizer que nós temos um diferencial e que estamos indo diferente do que a maioria. Essa é uma competição mundial que vai nos dar uma visão maior sobre esse mercado”, acrescentou.

Marcelino Almeida avalia que, para haver uma ascensão ainda maior, é preciso que esses jovens talentos recebam uma orientação qualificada. “Vamos lutar para conseguir uma das vagas na final mundial, mas só em estar entre as finalistas nacionais já é um ganho absurdo e agora outros também sabem que podem conseguir. O grande acesso a informação acaba sendo um vilão, então uma orientação profissional faz toda a diferença”, conclui.

Game piauiense é finalista em competição da Microsoft

O jogo Crown Brawl, desenvolvido no Laboratório de Robótica, Automação e Sistemas Inteligentes (Labiras) do Instituto Federal do Piauí (IFPI), está na final da etapa nacional da Imagine Cup 2017, competição de tecnologia promovida pela Microsoft. O evento tem como objetivo estimular o espírito empreendedor de estudantes do mundo inteiro. A final nacional será em Fortaleza, capital do Ceará, de 15 a 18 de maio.

A competição envolve estudantes de todo o mundo, com idade a partir de 16 anos. Em grupos, eles utilizam criatividade, paixão e conhecimento em tecnologia para desenvolver aplicativos, jogos e outras soluções. O estudante de engenharia mecânica Matheus Dantas, de 19 anos, foi um dos envolvidos no desenvolvimento do jogo que se destacaram.

“Nós submetemos o jogo que desenvolvemos e a equipe percebeu que nós tínhamos potencial e de todo Brasil nós estamos entre os 15 projetos finalistas, sendo o único do Piauí”, disse. Entre os finalistas, dois serão selecionados para representar o Brasil na final mundial, que acontecerá no mês de julho, em Seattle, nos Estados Unidos. O selecionado como primeiro colocado ainda terá o projeto futura startup, acelerado pela Microsoft.

Aos 20 anos, o estudante de Análise de Desenvolvimento de Sistemas Paulo Roberto também fez parte da criação do game e revela que o desenvolvimento do jogo teve início dentro da Global Game Jam, realizada em Teresina em 2015, e passou por diversas alterações até a versão atual.

“O Crown Brawl é definido como uma fusão de gêneros de jogo, entregando ao usuário uma jogabilidade dinâmica, divertida e cheia de reviravoltas, onde até quatro jogadores podem interagir juntos. É um jogo de tiro em uma arena”, disse. Jesus Abraão, de 18 anos, estudante, ressalta que o jogo foi criado em apenas 48 horas ainda durante o evento e que foi melhorado com o tempo. Também participam do projeto estudantes dos cursos técnicos em Informática, Eletrônica e superiores de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e de Engenharia Mecânica.

Os estudantes acreditam que a partir desses eventos o desenvolvimento de tecnologia do Piauí é estimulado a ser produzido cada vez mais. “Nós não íamos participar, porque o evento não vinha para Teresina, mas conseguimos ir até Fortaleza apresentar nosso trabalho e conseguimos chegar na final. Nós temos muitos projetos em andamento e pretendemos criar em bem menos tempo”, acrescentou Matheus Dantas.

Plataforma visa reunir ações sobre voluntariado

Outro projeto desenvolvido por piauienses com grande potencial de expansão é o Mobilizador, idealizado pelo desenvolvedor de sistemas de informações Ismael Sarmento, durante o projeto Lab X, em que uma equipe de jovens que compartilham do mesmo gosto pelo voluntariado se reuniram, a princípio, com a ideia de realizar uma feira de voluntariado reunindo organizações do terceiro setor que atuam em Teresina, mas em uma visão mais ampla, Ismael agregou o projeto dentro de sua área de conhecimento, que é a tecnologia.

Matheus Luz, coordenador de comunicação no projeto Mobilizador, esclarece que a proposta do projeto é de funcionar no formato de aplicativo mobile, sendo que hoje está no formato de plataforma digital, disponibilizando um espaço para as organizações realizarem um cadastro com informações sobre seu campo de atuação e demanda voluntária.

Parte da equipe que compõe o Labiras (Crédito: Ana Cláudia Santos)

“Em contrapartida, haverá um espaço voltado para um potencial voluntário, que deverá informar a sua área de conhecimento e de interesse, além de sua disponibilidade para suprir eventuais demandas das organizações presentes no Mobilizador”, afirma. Atualmente, a plataforma já conta com 571 pessoas pré-inscritas, e mantém um relacionamento com cerca de 40 organizações.

O projeto busca não somente cruzar dados e preencher as lacunas nas organizações, é objetivo do Mobilizador dá visibilidade aos projetos existentes em Teresina e fundamentalmente despertar a cultura do voluntariado no Piauí, disseminando o pensamento e a ação altruísta dentro da sociedade civil e das organizações privadas.

“Para isso, Ismael reuniu jovens que já possuem em seus históricos trabalhos de impacto social e que desejam ampliar suas participações no terceiro setor. Dentro de uma estrutura horizontalizada os oito participantes atuam nas áreas de tecnologia, comunicação e logística”, acrescenta.

Alunas desenvolvem aplicativo para surdos

Nos últimos anos tem se registrado um aumento da presença feminina na produção do conhecimento científico e da inovação tecnológica. A presença das mulheres no mercado de trabalho é nítida e irreversível. No Piauí, um grupo de alunas de informática desenvolveu um aplicativo com filmes e documentários destinados a pessoas surdas.

O app permite ao usuário opções de legendas em Língua Brasileiras de Sinais (Libras) e em ‘Português simplificado’ para melhorar a compreensão do público-alvo. Visando expandir a ideia de inclusão, duas integrantes da equipe de desenvolvimento participam de uma competição internacional de tecnologia para garotas de 10 a 18 anos de Ensino Fundamental e Médio: A Technovation Challenge.

A professora de Informática Evelyn Silva explica que o aplicativo VERSU foi desenvolvido para participar dessa competição internacional voltada apenas para garotas em que usa a tecnologia para resolver um problema social. “Eu sou mentora de uma equipe aqui em Teresina, que é a primeira equipe que representará o Piauí na competição. A equipe é formada por três ex-alunas que aceitaram o desafio e estamos juntas em reuniões e encontros desde janeiro”, disse.

O aplicativo funciona da seguinte forma: a pessoa irá se cadastrar e criar um perfil e dentro do seu perfil terá os vídeos, séries, documentários, vídeos informativos com dois tipos de legendas – uma legenda com o português correto simples e uma outra com o português adaptado (da forma que o surdo entende, sem preposições, sem conjugações dos verbos).

As estudantes desenvolveram o aplicativo em um período de 12 semanas e durante os meses de maio e junho, os jurados virtuais avaliarão os projetos e farão seleções regionais. No mês de agosto, os projetos aprovados serão convidados para participar da final mundial que acontecerá no Vale do Silício, polo industrial situado na Califórnia, nos Estados Unidos.

PyLadies incentiva mulheres a desenvolverem projetos na área de tecnologia (Crédito: Ana Cláudia Santos)

Segundo Evelyn Silva, a tecnologia sempre traz soluções, por isso é importante o estímulo e desenvolvimento. “Hoje nós encontramos a tecnologia em todas as áreas e sempre trazendo melhorias, temos a tecnologia na medicina, na área de segurança, na área de jornalismo, na área da educação e outras. Tendo esses estímulos teremos sempre mais inovações e soluções”, frisou.

Cresce presença de mulheres no campo da tecnologia

Com anos e experiência, a professora Evelyn Silva destaca que as mulheres nas áreas de exatas são mais tímidas e agora estão conquistando um espaço muitas vezes dominado, em sua maioria, por homens. As iniciativas de desenvolvimento feito por mulheres no Piauí estão em constante desenvolvimento.

“Os desenvolvimentos e movimentos que conheço são as PyLadies Piauí, que incentivam e ajudam mulheres a desenvolverem nas áreas tecnológicas e já possuem polos em Teresina, Picos e Parnaíba; existem algumas meninas no grupo do Labiras (IFPI) que desenvolvem projetos com Arduíno e games; e atualmente tem as meninas do projeto Versu, projeto do qual eu sou mentora. Talvez existam mais mulheres desenvolvendo projetos nos cursos de computação da UFPI, UESPI, IFPI ou faculdades ou até mesmo em seus ambientes de trabalho”, considerou.

Segundo Evelyn Silva, o Piauí tem gente boa que se preocupa com o desenvolvimento e movimentos tecnológicos e que cria projetos. Como exemplo, existem os projetos Teresina Hacker Club, a APISOL, 128bits, Instituto Delta, Instituto Interaje, PUG-PI, PyLadies, Labiras, ATI e tantos outros. Além de eventos como a Virada Geek, ERIPI, Arduino Day.

“Creio que as universidades e escolas ainda são os locais onde nascem os projetos mais inovadores. Os professores têm um papel importante, pois podem desafiar seus alunos para o desenvolvimento e criação de soluções tecnológicas transformando as teorias de aulas em prática, literalmente”, avaliou.

A desenvolvedora acrescenta que projetos de aplicativos/games que acompanha em Teresina são os da Agência de Tecnologia da Informação (ATI) e Labiras. Evelin lembra que a ATI recentemente lançou o Salve Maria, aplicativo voltado para o combate à violência contra a mulher, um aplicativo de cunho social muito importante.

Startup piauiense apresenta soluções para população

A Caverna Labs é um softer house fundado em maio de 2015, e conta atualmente com 21 colaboradores entre desenvolvedores, web designers, marketing e suporte e com apenas dois anos em funcionamento a startup conta com grandes projetos em execução. A startup piauiense tem como característica apresentar soluções para desafios e a necessidade da população com ideias visionárias e que visam contribuir para o bem da sociedade através de softwares que vão desde aplicativos até plataformas digitais. O diretor de projetos da Caverna, Paulo Soldi, cita o Movi, aplicativo para pedir táxi e mototáxi, como case de sucesso da empresa que, com menos de um ano ativo, já está presente em três estados brasileiros.

“O Movi foi lançado em junho de 2016 e já conta com mais de 20 mil usuários, sendo que estamos presentes nos estados do Piauí, Ceará e Maranhão”, diz. Para os passageiros, os benefícios são maiores, pois ele não paga nada para baixar e utilizar o aplicativo, seu uso é muito fácil, o passageiro pode escolher se quer chamar um táxi ou mototáxi.

O app só permite que profissionais regulamentados junto aos órgãos de trânsito sejam cadastrados. São muito mais corridas para o profissional, pois ele não precisa mais ficar parado no seu ponto esperando a sua vez na fila. Outro aspecto muito importante é de utilidade pública, a segurança, o profissional sabe com antecedência quem é o passageiro que está chamando e toda a corrida é monitorada, dando maior segurança e tranquilidade.

Além do aplicativo para chamar táxi e principalmente mototáxi em Teresina, a equipe da Caverna Labs também é responsável pelo desenvolvimento do Rua Alecrim ( www.ruaalecrim.com.br ), marketplace de compra e venda de produtos novos, desapegos e artesanais infantis. “Se você é um artesão de artigos infantis, uma revendedora de produtos novos, ou mesmo se quer se desapegar daqueles itens que já não servem mais aos seus filhos, você abre gratuitamente uma lojinha online no site. A Rua Alecrim já tem mais de 500 lojas e cerca de 3 mil usuários ativos”, acrescenta Soldi.

O Leilão e Seminovos, plataforma de venda de veículos seminovos diretamente para lojistas revendedores na modalidade de leilão também é outra inovação tecnológica genuinamente piauiense que já comercializou mais de 4 mil veículos, além do AppDealer, aplicativo white label para concessionárias de veículos automotivos.

Maior polo de desenvolvimento de jogos

Joselé Elias Martins, presidente do Instituto Interaje (Instituto de Jovens Empreendedores Digitais de Teresina) há nove anos promove esse encontro com pessoas que têm negócios na internet para contar seus cases. Após dois anos de implantação, também começaram a participar grandes nomes da internet no Brasil e desse negócio surgiu o Prêmio Interaje, realizado em todo final de ano, que tem como objetivo valorizar o mercado da internet local e incentivar negócios para a geração de emprego e renda.

“Nesse caminho, fizemos a Virada Geek, que é o maior evento que envolve tecnologia no Piauí, bastante similar ao Campus Party, onde a gente vira a noite com palestras, programação, jogos e ainda a competição de robótica, em que os participantes são desafiados a montar um robô em apenas dois dias e estamos na 6º edição”, destacou.

Para Joselé, o mercado tecnológico no Piauí é amplo, mas deve ser feito cada vez mais investimento em qualificação para o desenvolvimento do setor. Além disso, o presidente comanda, há três anos, o projeto “Teresina Digital”, idealizado pela Prefeitura de Teresina, em que alunos da rede pública são ensinados gratuitamente a programar para web, mobile e games.

“Nós queremos ser o maior polo de desenvolvimento de jogos alternativos até o final de 2018. Um dos gargalos é formar pessoal para ter mão de obra. Até o final de 2016, nós formamos 600 alunos ensinando gratuitamente e para receber o diploma eles tem que apresentar um negócio real e já apresentamos mais de 20 soluções e 6 games produzidos nesse intervalo de tempo”, elencou.

Entre as soluções desenvolvidas, destaque para a marcação de consultas online e THEGaragem, sendo assim o Instituto Interaje, a instituição que mais produz negócios através de pessoas qualificadas, já que a cada turma que se forma são produzidos cinco jogos.

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