[ad#336×280]Por Elayne Lilian
Na última terça-feira (9) foi publicada no diário Oficial da União a medida provisória que institui o programa “Mais Médicos” para o Brasil. Com isso, alunos que ingressarem nos cursos de medicina a partir de 2015 terão que atuar dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS) para receber o diploma. A medida é válida tanto para faculdades públicas quanto privadas. O tempo de curso também passará de 6 anos para 8 anos.
O médico José Almeida, diretor do Sindicato dos Médicos do Piauí (Simepi) Regional de Picos, analisa o programa e afirma que as entidades médicas (CFM,FENAN,AMB E SIMEPI) não o apoiam, considerando o programa uma manobra do governo que favorece a exploração da mão de obra do médico recém formado, “além disso, o aumento de tempo de formação médica dificultará mais ainda para os médicos se especializarem”, pontua.
José Almeida cita uma série de desvantagens sobre o “Mais Médicos”, entre elas, a falta de infraestrutura em regiões isoladas do país, algumas delas também esquecidas pelo poder público.
“Enviar medico recém-formado para interiores, iguais os nossos do Piauí, onde governo não investe, sem condições de trabalho, hospitais sucateados, sem medicamentos básicos, sem equipe multiprofissional, sem material hospitalar. O que eles vão poder fazer? Colocar os pacientes em ambulâncias e encaminhar para centros maiores, isso até um técnico de enfermagem bem treinado pode fazer”, alfineta.
Para ele, o médico tem que migrar para o interior por vontade própria através de salários atrativos e condições de trabalho dignas. Almeida revela que a classe está preparando protesto e também uma greve geral para manifestar sua insatisfação com o programa.
Por parte da sociedade, as opiniões são contraditórias: há aqueles que são criticam e aqueles que demonstram apoio ao programa.
A estudante Alessandra Dias de Sousa, do 7º período de enfermagem da Uespi, lembra que qualquer medida que seja tomada para melhorar a saúde pública no Brasil é bem-vinda. “A Saúde no Brasil sempre foi precária, e de tempos pra cá se tornou mais ainda, principalmente com a superlotação dos hospitais, a falta de estrutura, a falta de profissionais atuantes. Enfim, se o Governo está se preocupando em fazer alguma coisa pra melhorar essa situação, já é um grande passo. Quero sim acreditar que com esse programa as coisas melhorarão”, opina. A estudante, no entanto, critica a vinda de médicos cubanos para o Brasil e diz que o país tem profissionais suficientes.
Já o estudante Edvan Oliveira acredita na possibilidade da saúde melhorar com a vinda de médicos cubanos ao Brasil. “Com políticas públicas aplicadas de forma correta que possam beneficiar o paciente oferecer estrutura e melhores condições de trabalho aos médicos, isso é um conjunto que pode fazer a saúde do nosso Brasil se tornar um país referência, afinal os médicos cubanos irão somar com a experiência que eles tem”, comenta”.
Mudanças
O Conselho Nacional de Educação (CNE) estuda a adoção da medida para outras carreiras da área de saúde. O plano prevê que estudantes de odontologia, psicologia, nutrição, enfermagem e fisioterapia também concluam a formação com atividades na rede pública.
A cirurgiã dentista Karoline Rocha fala sobre essa mudança. De acordo com ela, o aprendizado é essencial e a duração do curso em uma universidade, seja ele de 4 anos e meio ou 6 anos, é tempo suficiente para um aluno se preparar e sair apto para exercer a profissão. “O brasil é um país que precisa de médicos tanto na área bucal quando nas demais. O país grita por profissionais, por isso essa “pressa” de gerar. E digo “pressa” entre aspas porque 6 anos é uma vida e tempo suficiente para o profissional se preparar”, destaca.