Nas últimas semanas, os proprietários de trailers localizados nas margens da BR 316 foram notificados pelo escritório de Picos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) sobre a retirada destes estabelecimentos da área. No entanto, sem terem para onde ir, os donos afirmam que permanecerão no local, pois é deste comércio que muitos sustentam suas famílias.
Com o prazo praticamente vencendo (sexta-feira, 13), pois a ordem de saída foi estipulada em até 15 dias, donos de trailers buscaram apoio junto aos vereadores picoenses para que os mesmos também intervenham na decisão. Muitos alegam ainda estarem sofrendo pressão psicológica por conta de a qualquer momento estarem na rua sem ter um meio digno de sobrevivência.
De acordo com proprietária Maria Lourdes da Conceição, que há 4 anos sustenta por meio da renda obtida no trailer seis pessoas, a mesma diz estar desesperada. “Não sei realmente o que fazer, sustento a minha família deste trabalho, pois meu esposo tem problemas de saúde. Então tanto o comércio de Picos depende da gente, como nós dependemos deste comércio. É preciso que esta decisão seja repensada, pois mais de sete famílias dependem disto”, afirma Maria Lourdes.
A medida que vigora em caráter nacional visa limpar as imediações das BRs federais que pertencem a União, sendo também válido a retirada de outdoors, no sentido de facilitar a visualização do percurso pelos condutores dos veículos. Para o supervisor do DNIT, Roberval Virgílio de Oliveira, caso a determinação não seja obedecida, o problema vai ser encaminhado para o Ministério Público Federal.
Dias de incerteza
Certamente este período de incertezas tem tirado o sono dos proprietários dos trailers que deverão perder nos próximos dias seu pontos de comércio. Estima-se que na cidade de Picos existam aproximadamente 80 trailers, sendo, portanto notificados apenas os que estão as margens da BR316. Esta determinação vale para qualquer empreendimento que esteja nesta área, como também ponto de moto táxis.
Para o mototaxista Pedro Rocha, que há 17 anos tem um ponto fixo de mototáxi no Bairro Bomba relata ter ficado surpreso com a determinação. “Se eu tivesse que sair daqui hoje, o meu destino seria a minha casa, pois não tenho outro lugar para ficar. Eu fiquei com surpreso com a decisão, e principalmente pelo curto prazo que temos de sair, mas sem ter outro local vou permanecer aqui até que venham me tirar do local”, enfatiza o mototaxista.
Pedro Rocha ainda disse que este comércio não atrapalha o tráfego de pessoas e veículos, pois os mesmos não interferem nas vias da BR.
Também preocupado com os rumos que podem tomar a determinação do DNIT, Fábio Charles que é possuidor de um ponto tradicional no Bairro Bomba, acredita que é necessário que se providencie um local para que todos os donos destes estabelecimentos possam ficar. “Não é simplesmente tirar, eles tem de dar um caminho e tomar providências. Há 13 anos tenho este ponto, já investi muito aqui, e agora tudo isto pode ir abaixo,” enfatiza Fábio Charles.
Fábio Charles ainda foi enfático a dizer que se o DNIT não vier com máquinas, tratores, ele não sai do local, pois são anos de muito suor e trabalho. Ele ainda reconhece que a prática é irregular, mas é deste local que obtém o sustento da família.
