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Quem vai botar o chocalho no gato?

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É muito conhecida a fábula de Esopo, imortalizada por La Fontaine: os ratos de uma comunidade estavam sendo exterminados por um gato voraz. Fizeram uma assembléia e alguém sugeriu que se colocasse um guizo no pescoço do tal gato, pois assim sua aproximação seria barulhenta, o que serviria de alerta para todos fugirem a tempo.

Houve aplausos calorosos, conta a fábula, porém, um ratinho estraga-prazeres veio com uma pergunta incômoda: “Quem iria amarrar o guizo no pescoço do gato?”.

Desde que foi contada pela primeira vez, essa fábula vem sendo repetida continuamente, segundo a ocasião e a necessidade.

No Piauí, nos últimos dias, o PT vem sofrendo um incômodo terrível e indisfarçável com as notícias de que, com a anuência do governador Wellington Dias, estão comendo o queijo do partido. De uma só vez, os petistas estão perdendo a Secretaria de Saúde, a Sasc e outros queijos holandeses para aliados e até ex-adversários.

Na sexta-feira, o partido se reuniu em Teresina para avaliar a questão. Havia prometido lançar uma carta pública expondo a sua posição. Mas mudou de idéia. Vai conversar diretamente com o governador para colocar o seu ponto de vista, que já é bem conhecido.

O PT já deixou claro, em muitas ocasiões, que não avaliza esses acordos. PP e PMDB, para as lideranças estaduais do partido, à exceção de Wellington Dias, são golpistas até o fim do mundo. E pronto! Se, comendo do bom e do melhor no governo petista, traíram a presidente Dilma, não hesitarão em passar a perna no governador, em 2018.

Estas e outras o partido diria em sua carta, mas na última hora amarelou e apresentou essa saída honrosa de chorar suas lamúrias diretamente no ombro do governador.

É aguardar para ver se Wellington, na política um gato mais esperto que o da fábula, vai se comover com o pranto petista e jogar pelos ares o plano no qual aposta para a sua re-reeleição.

*Zózimo Tavares / Cidade Verde

Zózimo Tavares – Jornalista e escritor. É formado em Letras e em Jornalismo. Pós-graduado em Comunicação pela Universidade Federal do Piauí, onde também foi professor. Tem pós-graduação ainda em Linguística. Presidiu o Sindicato dos Jornalistas do Piauí. Foi correspondente do CORREIO BRAZILIENSE no Piauí durante cinco anos e secretário municipal de Comunicação de Teresina em três administrações. Foi editor-chefe dos jornais O Dia e Diário do Povo e da TV Clube. Publicou livros de humor, cordel, jornalismo, literatura e biografias. É membro da Academia Piauiense de Letras e da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
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