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Candidatos são suspeitos de usarem anestésico para passarem em teste da PM

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Um tenente da Polícia Militar do Piauí é suspeito de fornecer uma substância química para aumentar o desempenho de candidatos no Teste de Aptidão Física (TAF) no certame da PM-PI. Dos 480 classificados, apenas 459 chegaram na terceira etapa, considerada a de maior taxa de eliminação. Pelo menos 60 candidatos (treinados pelo militar ) teriam feito uso de doping. A droga seria preparada com éter, uma substância de comercialização proibida. 

O flagrante é exclusivo da TV Cidade Verde que teve acesso a conversas de WhatsApp com os candidatos que eram treinados pelo militar no Centro de Formação da PM-PI. Em vários diálogos, o tenente- supostamente- pede aos alunos dele que consigam éter. 

Concurso da PM-PI
Concurso da PM-PI

“Veja aí com a….se ela consegue um pouco de éter no HUT para fazer o medicamento de vocês, porque o meu acabou. Pessoal que puder conseguir éter com parentes ou pessoas que trabalham na área de saúde, pois o nosso acabou. Vocês irão precisar para o dia do TAF. Isso com brevidade”, revelou um dos diálogos. 

Em outra conversa, uma pessoa disse que conseguiu meio litro de éter. 

“Tenente, consegui um. Vou levar amanhã. Não tô treinando mas arranjei meio litro. Amanhã deixo lá quando voltar do trabalho. Hoje não tenho como porque deixei em casa e é longe”. 

Um diálogo mais recente revela um dos candidatos satisfeitos com o desempenho no teste. 

“A corrida eu fiz aí…acho que em oito e quarenta ou oito e quarenta e cinco…rápido, meu amigo. Não sentia os pés, nem as pernas. parece que tinha um motor…Rapaz, ô dose doida essa do pré-treino. Quase não dormi. Insônia pesada”, escreveu o candidato. No TAF, os candidatos do sexo masculino têm 12 minutos para concluir a prova de corrida que é de 2.400 metros. 

O éter é um poderoso anestésico e tem a venda controlada pela Polícia Federal. No edital do concurso da PM-PI, realizado este ano, não há proibição sobre a ingestão de substâncias que possam aumentar o desempenho. Contudo, o uso de doping, além de ser antiético, pois nesse caso, não há igualdade de condições entre os candidatos, traz riscos à saúde. 

“Ele é tóxico para o sistema respiratório e para a pele podendo causar, inclusive, queimadura na pele. Sobre o efeito da melhora do desempenho talvez esteja relacionado a dissolução de possíveis substâncias. Diretamente, o éter está atrelado mais ao efeito anestésico do que a qualquer outro”, disse o farmacêutico Emanuel Pinheiro.

O médico acompanha provas práticas em muitos concursos e também faz um alerta para o efeito trágico de certos tratamentos. 

“Nas academias eles são orientados a usar substâncias para tentar aumentar o fortalecimento dos músculos. Só que o efeito da desidratação somado a alguns medicamentos que os candidatos fazem uso na tentativa de melhorar o desempenho, na verdade pode ocorrer desgaste muscular e físico pela desidratação com destruição muscular, liberação de substâncias bloqueadoras  dos rins”, explica o médico Francisco José Lima. 

Nucepe se pronuncia

O Núcleo de Concursos e Promoção de Eventos (Nucepe) informou que, independente da substância que o candidato vai ingerir para potencializar o desempenho no TAF, um candidato não elimina o outro, mas se autoclassifica para a próxima etapa. 

“Fazer 30 ou 50 abdominais durante o tempo não vai mudar sua ordem no cenário geral. O importante é fazer o mínimo no teste. Não importa corre mais que o outro, fazer mais exercício que o outro”, disse Pedro Júnio, presidente do Nucepe.

A Corregedoria da Polícia Militar será acionada para identificar o policial e tomar todas as medidas cabíveis. 

O TAF do concurso da PM-PI teve inicío essa semana. Ao todo são seis dias intensos de desafios físicos como corrida, abdominais e flexões. Os testes acontecem até este sábado (02)

Cidade Verde

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