Uma semana após a enxurrada, famílias de Picos enfrentam desafios para recomeçar

Hoje, 21 de janeiro, completa-se uma semana desde a devastadora enxurrada que atingiu Picos. As marcas do desastre permanecem nas ruas e na memória das famílias afetadas. No bairro Belo Norte, seu Joveci Gonçalves (Joca) e sua família ainda tentam processar o impacto de terem perdido tudo. Durante a madrugada do desastre, sua casa foi invadida pela água, que atingiu mais de dois metros de altura, destruindo móveis, eletrodomésticos e até mesmo a cozinha que garantia uma renda extra para a família.

Seu Joca relembra com emoção o momento em que percebeu o perigo iminente: “Acordei com um barulho forte, achei que fosse ladrão, mas a água já estava entrando pela janela. Foi Deus que nos salvou.” A família conseguiu escapar quando o portão cedeu, mas os danos materiais foram irreparáveis. João Pedro, filho do casal, afirma que tem medo de voltar para casa: “Pedi para meu pai não voltarmos para cá, é muito perigoso.”

As perdas emocionais também são difíceis de lidar. Dona Deuselina lamenta a destruição de memórias guardadas no álbum de fotos da família. “Guardei fotos dos meus filhos com tanto carinho, mas a água levou tudo.”
Em outros bairros, como no São José e Paroquial, o cenário é igualmente desolador. Dona Zuleide ainda tenta limpar os destroços da casa onde vive há anos. Apesar do receio, ela deseja voltar ao lar: “Quero voltar, mas tenho medo de passar por tudo de novo. Não dá para viver para sempre dependendo dos outros.”

Enquanto moradores enfrentam desafios para recomeçar, equipes de assistência continuam os trabalhos de limpeza e avaliação. A Prefeitura e a Defesa Civil têm monitorado as áreas de risco e planejado ações preventivas, mas para os moradores, o futuro ainda parece incerto. Seu Joca resume o sentimento de muitos: “Não sei como recomeçar. Perdi tudo que conquistei com tanto esforço. Estou muito abalado.”
Em meio a tantas dificuldades, a solidariedade se faz necessária para ajudar as famílias a reconstruírem suas vidas e superarem o trauma deixado pela enxurrada.