Caso Samuel: familiares denunciam negligência médica por parte do Hospital de Picos
Samuel levou 7 facadas em assalto. Familiares denunciam que ele passou a noite no corredor do hospital – por 8 horas – até ser levado ao centro cirúrgico, quando não havia mais solução.
“Ele foi morto duas vezes!” – essa é a frase que tem sido exclamada pelos familiares de Samuel de Souza, 39 anos, mais conhecido pelo apelido de “Chiquita”, morto após receber sete facadas em um assalto, na cidade de Campo Grande do Piauí, na última quinta-feira (11).
Segundo uma prima da vítima, após ter seu celular roubado e ser gravemente ferido com as facadas, Samuel se dirigiu à casa de sua avó em busca de socorro. Ele deu entrada no Hospital Regional Justino Luz de Picos por volta das 00h45 e só foi levado à sala de cirurgia cerca de 8 horas depois.
“Como todos sabem, ele recebeu sete facadas. Quando chegamos no hospital, ele foi atendido e suturado. Fizeram um exame de imagem e disseram que não perfurou nenhum órgão vital. Quando ele começou a entrar em choque, um funcionário me disse que ele estava agitado. Eu respondi que ele estava com dor. Minha mãe se desesperou e pedia socorro, mas eles diziam que ela estava nervosa. Ele passou a noite no corredor do hospital e somente pela manhã veio outro médico, olhou o exame e viu que tinha perfurado o pulmão. Ele passou a noite tendo hemorragia e somente entrou na sala de cirurgia cerca de oito horas depois, quando já não tinha mais jeito. Ele foi atendido e suturado e teve hemorragia interna porque havia perfurado um órgão vital e o ‘médico’ não viu”, falou indignada.
Os familiares clamam por justiça nas redes sociais contra a negligência do Hospital Regional.
“E ele morreu duas vezes. Ali [no hospital] não há acolhimento, não há atendimento humanitário, não há dignidade com os que precisam de socorro. Justifica a pessoa levar sete facadas, ter dado entrada às 00:45h, só ter sido medicado com um soro e ter dado entrada no centro cirúrgico apenas às 08h00 da manhã? Revolta, indignação e saudade foi só o que nos restou”, disse ela.
O Portal RiachãoNet entrou em contato com a assessoria de comunicação do Hospital de Picos que emitiu a seguinte nota de esclarecimento: (atualizada às 11h11)
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Trazemos a público alguns esclarecimentos relativos ao atendimento do paciente José Samuel de Sousa que deu entrada nesta unidade de saúde no dia 12 de novembro de 2021, vítima de ferimentos por arma branca:
O paciente em referência recebeu atendimento em tempo hábil neste hospital, tendo sido atendido por médicos plantonistas de várias especialidades, realizado exames, recebido medicação, mas, por fim, veio à óbito em razão da gravidade dos ferimentos.
Este Hospital Regional Justino Luz está prontamente preparado para atender qualquer cidadão de Picos e macrorregião que precisa de atendimento de urgência e emergência.
Lamentamos profundamente a perda, sendo certo que trabalhamos pelo bem estar de todos os nossos munícipes, com o intuito de ofertar o melhor serviço de saúde possível para a população.
Relembre o caso
Samuel, mais conhecido como “Chiquita”, foi assassinado com sete facadas na última quinta-feira (11), por volta das 23h40, na cidade de Campo Grande, ao ser assaltado. Os criminosos roubaram seu aparelho celular.
Ele chegou em casa com vida, foi socorrido para o Hospital Regional Justino Luz, mas veio a óbito na manhã da sexta-feira (12).
Os criminosos ainda não foram identificados. Antes de morrer, Samuel disse à família que os assaltantes estavam em uma moto e encapuzados.
Outro caso
Uma outra denúncia de negligência contra o Hospital Regional Justino Luz de Picos foi a do caso do pedreiro Joilson Pereira, morto no dia 02 de junho de 2020, após receber dois tiros de arma de fogo de um agente da Polícia Rodoviária Federal.
À época dos fatos, familiares do pedreiro afirmaram que somente no dia seguinte após a vítima ter dado entrada no hospital e ter ficado no corredor esperando uma cama é que observaram uma segunda perfuração. Mas já era tarde e o pedreiro veio a óbito.
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