Histórias que inspiram: Conheça a vida de Sandy, a Oeirense por Paixão e Jornalista por formação
Em janeiro desse ano Sandy recebeu a Medalha de Méritos Renascença, pelo livro sobre as parteiras de Oeiras-PI e por ser uma das cofundadoras do Coletivo Esperança Garcia.
Sandy Swamy Silva do Nascimento é paulista, com sangue piauiense e filha de Oeiras por paixão. Aos 25 anos, ela já concluiu o curso de jornalismo em 2018, estuda Relações Públicas na Uespi e trabalha no Jornal O Dia, em Teresina.
Em Oeiras, sua história começa através dos seus avós maternos, suas grandes inspirações. Mesmo morando sempre em “cidade grande” o seu maior desejo era poder morar na velha capital piauiense.
O seu objetivo de Vida
Diante de algumas dificuldades, em 2013 Sandy e sua família já não moravam mais em SP. Em 2009, sua mãe decidiu que não iria mais ser humilhada e proibida de viver por estar casada com o pai dos seus filhos. Foi então que resolveram ir embora para Brasília, onde moraram no Distrito Federal, em Goiás e enfim resolveram retornar a sua terra natal.
As sequelas da violência doméstica que sua mãe sofreu foi só um dos motivos para fazer com que ela fosse mais forte e transformasse o enfrentamento a violência contra mulher, o seu objetivo de vida.
Em entrevista para o RiachãoNet ela relata um pouco sobre o coletivo Esperança Garcia, Sandy é uma das confundadoras de um projeto que saiu da universidade para a comunidade.
“Ele nasceu em 2016 através de três colegas que tinham acabado de se conhecer, eu, Fernanda Menezes e Millena Faustino. A ideia surgiu depois que eu participei da criação de outro coletivo em Picos que foi Coletivo GracIones que nasceu logo após uma greve na Uespi. A gente se mobilizou e resolveu criar esse coletivo em Picos, na escolha do nome do coletivo a advogada Iana Moura sugeriu esse nome Esperança Garcia”, finalizou a jornalista.
Esperança Garcia é conhecida por diversos grupos, já tem grupos de pesquisa na UESPI na UFPI utilizando o nome do grupo. Para Sandy, o projeto é motivo de orgulho, saber que o coletivo pode levar uma mensagem é ajudar a comunidade e muito gratificante.
“Fico muito feliz de ver como as pessoas estão reconhecendo mais uma mulher, uma mulher forte do nosso estado que reivindicou por seus direitos, o direito de suas filhas e de outras mulheres da família. Hoje já existe muitas pesquisas voltadas também para conhecer mais sobre a história dessas mulheres e de outras escravas e escravos que também viveram aqui no nosso estado”.
Antes mesmo de chegar no curso de Jornalismo Sandy já era mulher ativa no mercado. Desde os seus 16 já trabalhava, ela relata que já trabalhou como caixa de supermercado, balconista de padaria e até auxiliar administrativa. Ela desejava fazer artes cênicas, mas diante da realidade que vivia o jornalismo foi uma porta para alcançar os demais sonhos.
Sandy ainda escreveu o livro “Mãos que Trazem à Luz: memórias das parteiras de Oeiras- PI”, que foi lançado em 2020. Ela relata um pouco do desejo de escrever sobre as parteiras de Oeiras:
“O desejo de escrever sobre as parteiras tradicionais nasceu do objetivo de falar sobre os direitos das mulheres ou violência contra mulher em meu TCC em Jornalismo. E após uma conversa com uma amiga, Fabiana Santos, surgiu a temática de pesquisa sobre o ofício das parteiras tradicionais no Piauí. A partir disso, comecei a pesquisar mais sobre os saberes e conhecimentos milenares dessas mulheres. Escolhi a cidade de Oeiras e especificamente, a zona rural, por ser o berço da minha família materna. Então, queria de alguma forma contribuir para história da primeira capital do Estado, através do relato de mulheres tão forte e inspiradoras”, disse.
Em janeiro desse ano, Sandy recebeu a Medalha de
Méritos Renascença, pelo livro sobre as parteiras de Oeiras-PI e por ser uma das cofundadoras do Coletivo Esperança Garcia. Indagamos ela sobre a sensação de receber tal reconhecimento.
“Sinceramente, ainda não caiu a ficha. Tudo na vida é muito difícil, acredito que na vida de todo mundo, mas por ser mulher o meu conhecimento e minha profissionalização sempre é colocado a prova. Eu não esperava receber uma medalha ou até mesmo lançar um livro com 25 anos. De onde eu venho, esses sonhos são bem distantes. Eu queria sim, escrever um livro, eu quero sim, que meu trabalho seja reconhecido, mas no momento, o meu sentimento é de querer mais, não para mim, mas para as mulheres que ainda vivem em situação de violência doméstica, psicológica, obstétrica, física, verbal, entre tantas outras. Eu desejo que para além do reconhecimento do meu trabalho, o ofício, as vivências e as histórias dessas mulheres sejam reconhecidas”, comemorou.
Uma das suas conquistas mais atual foi a aprovação no Mestrado em Políticas Públicas da UFPI. Ela se diz estar muito feliz e que essa conquista é só mais um passo em benefício das Parteiras Tradicionais do Piauí.