Quando o eleitor faz a coisa certa, mas de modo errado
É muito fácil dizer que político não presta, que todo político é corrupto. E dá-se exatamente o contrário. Os bons políticos formam a maioria.
No segundo turno da eleição suplementar para governador do Tocantins, realizada no último dia 24, quase 52% dos eleitores votaram branco e nulo ou não foram às urnas. O momento é de reflexão sobre o caso.
Por um lado, se diz que o alto percentual de abstenção, brancos e nulos na eleição no Tocantins serve de alerta para a disputa presidencial.
Por outro, se diz que o desinteresse do eleitor pelo seu próprio voto decorre do desencanto dele com a classe política. E diz-se, também, que o eleitor rejeita os políticos que aí estão.
Vamos a outros aspectos: em primeiro lugar, voto nulo e abstenção não cancela a eleição, como muita gente imagina; em segundo lugar, a demonização da política é uma atitude danosa ao processo democrático. A política é imprescindível. Seja ruim ou bom, tudo passa por ela.
É muito fácil dizer que político não presta, que todo político é corrupto. E dá-se exatamente o contrário. Os bons políticos formam a maioria.
Protesto
O eleitor que deixa de votar acredita que está protestando contra os políticos ruins. É um engano. Mais que isso: é um erro. Um erro tolo e grave. No caso, o eleitor faz a coisa certa do jeito errado.
O protesto deve ser diferente. Se os nomes que aí estão não correspondem à sua expectativa, se o eleitor não se sente representado por eles, que busque outros.
A eleição de dois em dois anos é para que o eleitor tenha a oportunidade de mudar, se não aprova o desempenho dos que receberam seu voto, e não para que fique votando sempre nos mesmos.
Buscar novas opções e protestar contra um cenário desencantador é normal e até necessário ao processo democrático. O que o eleitor não pode é desperdiçar a oportunidade de votar. Ou seja, a melhor forma de o eleitor protestar contra o sistema é comparecer às urnas e votar naqueles candidatos que ele entende que são os melhores.
O joio e o trigo
É difícil separar o joio do trigo? É. Por isso mesmo, o processo político e eleitoral deve ser encarado com interesse, racionalidade e seriedade.
Não é tão difícil acompanhar a vida pregressa dos candidatos. Basta que o eleitor se muna, em primeiro lugar, de interesse.
Não votar é simplesmente abrir mão de um direito e deixar que outros decidam por você. E isso é tudo o que os corruptos querem.
Não adianta, depois, chorar sobre o leite derramado. Votar – e votar certo – é o melhor remédio para acabar com político ruim e para protestar contra a corrupção.
Zózimo Tavares
Cidade Verde