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Seca: governo dá a corda para flagelado se enforcar

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SECA
Seca pode se agravar no segundo semestre.

A TV Clube mostrou ontem, no Bom Dia, Piauí, o que já é, mais que descaso, deboche acintoso do poder público com o sofrimento dos pequenos agricultores do interior do Estado. Em uma grande reportagem, foi mostrado o sofrimento de quem está sem água até para beber. Uma cena comovente foi a de um senhor calejado pela seca chorando porque não havia conseguido colher um só caroço de feijão. A situação no semi-árido é de extrema penúria.

Ao final da reportagem, apareceu o diretor de unidade da Defesa Civil, Jerry Herbert, dizendo que a grande ação do governo para resolver o problema foi viabilizar, para os pobres dos flagelados, empréstimo junto ao Banco do Nordeste. O mesmo discurso do governador Wilson Martins, que se ufana de ter conseguido, com os demais governadores da região, um crédito de R$ 1 bilhão para os pequenos produtores castigados pela seca.

Ora, o governo não faz a parte dele, deixa essa situação vergonhosa se perpetuar por séculos, sem garantir água para o cultivo, apesar da riqueza do nosso lençol freático e dos bilhões de litros de água acumulados em barragens, e quando a fome aperta ainda empurra os miseráveis dos pequenos agricultores, que perderam tudo, para morrerem numa dívida bancária!

Entre 700 mil e um milhão de piauienses estão sofrendo diretamente os efeitos da estiagem. Faltam água e pastagem até para os animais. Indiferente à gravidade da situação, o governo só se dispôs a distribuir três mil cestas básicas destinadas aos flagelados depois que a imprensa denunciou que os alimentos corriam o risco de apodrecer nos armazéns da Conab.

Aproximadamente mil poços tubulares perfurados na região do semi-árido estão abandonados porque não foram equipados. Não há uma só denúncia contra nenhum dos responsáveis por esse crime. Enquanto isso, as populações rurais dessas regiões se abastecem precariamente através de carros-pipa.

O governo alardeia a construção de mais 50 açudes no semi-árido. Não seria mais consequente que aproveitasse a água já armazenada em barragens que custaram milhões de reais e que estão sem qualquer utilidade? Se pudesse escolher entre ter água e alimento, para si, sua família e seu rebanho, ou ficar pendurado num empréstimo bancário, por que o pequeno produtor iria correr atrás de banco?

Fonte: Diário do Povo do Piauí

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