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Venda de remédios relacionados à Covid aumenta e Conselho de Farmácia faz alerta

No Piauí, a venda do ácido ascórbico (vitamina C) cresceu 274% e do sulfato de hidroxicloroquina 81%, já o paracetamol aumentou 75%, dipirona 48% e colecalciferol (vitamina D) 44%.

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No dia nacional do uso racional de medicamentos um levantamento feito pelos Conselhos Regionais de Farmácia do país constataram um aumento significativo nas vendas de medicamentos relacionados à Covid-19. No Piauí, a venda do ácido ascórbico (vitamina C) cresceu 274% e do sulfato de hidroxicloroquina 81%, já o paracetamol aumentou 75%, dipirona 48% e colecalciferol (vitamina D) 44%. 

O estudo comparou as vendas nos três primeiros meses deste ano com os do ano passado e foi realizado pela consultoria IQVIA. 

Medicamentos – Foto: Roberta Aline/Cidade Verde

Os medicamentos foram relacionados à doença da seguinte forma: a vitamina C ou ácido ascórbico, que teve propalado o seu “efeito preventivo” contra o novo coronavírus em fake news, foi a campeã em comercialização. Também foi verificado um crescimento no consumo da vitamina D ou colecalciferol e da hidroxicloroquina sulfato, a qual foi atribuída a capacidade de curar a Covid-19. Foram pesquisados, ainda, os medicamentos isentos de prescrição que podem ser indicados para amenizar os sintomas leves da Covid-19.  No caso do Ibuprofeno, as vendas caíram, provavelmente porque o medicamento, por um breve período, foi relacionado ao agravamento de casos da doença.

Os porcentuais são uma clara demonstração da influência do medo sobre um hábito consagrado entre a população brasileira, o uso indiscriminado de medicamentos. Uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) por meio do Instituto Datafolha, constatou que a automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros que fizeram uso de medicamentos nos últimos seis meses anteriores ao estudo, feito em 2019. Quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por mês, e um quarto (25%) o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana.

DADOS PIAUÍ
Ácido Ascórbico (vitamina C) – 234%
Colecalciferol (vitamina D) – 44%
Dipirona Sódica – 48%
sulfato de hidroxicloroquina – 81%
Ibuprofeno – (-2%)
Paracetamol – 75%

Veja os dados completos por estado

Campanha para uso racional de medicamento

A partir desta terça(05), mais uma campanha sobre a importância do uso racional de medicamentos para a proteção à saúde foi lançada pelos conselhos. A data é alusiva ao tema e nesse ano, em que o mundo enfrenta um inimigo poderoso e desconhecido, o recado simples e direto é “não entre em pânico e antes de usar qualquer medicamento, consulte o farmacêutico”. 

Os conselhos de Farmácia alertam que todos os medicamentos oferecem riscos. Mesmo os isentos de prescrição podem causar danos, especialmente se forem usados sem indicação ou orientação profissional. Dependendo da dose o paracetamol pode causar hepatite tóxica. A dipirona oferece risco de choque anafilático e o ibuprofeno é relacionado a tonturas e visão turva. Já o uso prolongado da vitamina C pode causar diarreias, cólicas, dor abdominal e dor de cabeça. E com a ingestão excessiva de vitamina D, o cálcio pode depositar-se nos rins e até causar lesões permanentes.

Os riscos são mais graves em relação a hidroxicloroquina, medicamento indicado para tratar doenças como o lúpus eritematoso. Da mesma forma que a cloroquina (indicada para a malária, porém disponibilizada apenas na rede pública), a hidroxicloroquina pode causar problemas na visão, convulsões, insônia, diarreias, vômitos, alergias graves, arritmias (coração batendo com ritmo anormal) e até parada cardíaca. O uso de hidroxicloroquina ou cloroquina em pacientes internados com teste positivo para o novo coronavírus ainda não tem evidências representativas. Portanto, se justifica apenas com supervisão e prescrição médica, atualmente, com retenção de receita.

“A nossa recomendação é que os farmacêuticos continuem observando as recomendações da Anvisa e as boas práticas farmacêuticas para realizar as dispensações desses medicamentos, e que orientem os usuários, pois a desinformação é um inimigo tão poderoso quanto o novo coronavírus”, observa o presidente do Conselho Federal de Farmácia, Walter da Silva Jorge João. 

Ele lembra que os farmacêuticos sempre apoiaram a saúde em pandemias e estão na linha de frente do combate nessa também. Por isso, a campanha destaca a participação histórica da categoria nesses momentos, no enfrentamento às doenças transmissíveis e na defesa da saúde púbica.

Para o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Piauí (CRF-PI), Luiz Júnior, o uso de qualquer medicamento nesse período deve ter orientação de um profissional farmacêutico. “As pessoas estão mais vulneráveis e mais propensas a se automedicarem durante a pandemia, muitas vezes por ler alguma informação na internet, que pode estar descontextualizada. Sendo assim, elas precisam ser orientadas sobre o uso correto de qualquer fármaco, pois às vezes, a automedicação pode acarretar uma piora nos sintomas da patologia ou causar uma intoxicação, agravando o quadro da doença que sofre”, avalia. 

História 

Durante a campanha serão lembrados ícones da profissão, como o farmacêutico baiano Rodolfo Marcos Teófilo, graduado pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1875 e radicado no estado do Ceará. Sem apoio do poder público, Rodolfo Marcos Teófilo enfrentou duas epidemias de varíola, que vitimaram milhares de pessoas em Fortaleza e cidades do interior cearense, no final do século XIX e início do século XX. Em 1862, aprendeu as técnicas de produção da vacina e em 1901 passou a imunizar a população, contando com ajuda da sua esposa e de um auxiliar. Cuidou sozinho da vacinação em massa pelos bairros pobres de Fortaleza até 1903.

Cidade Verde

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